Transição entre governos Temer e Bolsonaro começa nesta segunda-feira
Por parte do atual governo, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, foi designado pelo presidente Michel Temer para coordenar a transição
© Clauber Cleber Caetano/PR
Com a definição da 
eleição de Jair Bolsonaro como o novo presidente da República, começam 
as conversas entre quem deixará o Palácio do Planalto e quem o ocupará. É
 o momento em que o presidente eleito terá uma noção mais aprofundada do
 país que assumirá em 1º de janeiro. Por parte do atual governo, o 
ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, foi designado pelo 
presidente Michel Temer para coordenar a transição.
A equipe de Temer afirma que o processo de transição será de 
“transparência total”. O futuro governo de Jair Bolsonaro receberá do 
antecessor informações sobre os ministérios relacionados as ações dos 
últimos dois anos e o que está em andamento, como contratos em vigor, 
obras iniciadas e orçamento já previsto.
O
 processo de transição entre o governo atual e o eleito é disciplinado 
pela Lei 10.609, de 2002, e pelo Decreto 7.221, de 2010. A legislação 
obriga o repasse das informações solicitadas pelo novo governo, além de 
possibilitar a criação de 50 cargos de caráter temporário, chamados 
Cargos Especiais de Transição Governamental, para os indicados do futuro
 presidente. Esses cargos poderão ser ocupados a partir de terça-feira 
(30) e devem ficar vagos até o dia 10 de janeiro.
Um exemplo de 
ações a serem repassadas na transição são os programas sociais. O 
governo eleito terá informação sobre quantas moradias foram construídas 
no âmbito do programa Minha Casa, Minha Vida e quantas pessoas são 
atendidas no Bolsa Família. Da mesma forma, a equipe de Michel Temer 
informará sobre o combate a irregularidades nas políticas sociais.
A
 equipe econômica do atual governo também mostrará a situação 
orçamentária do país. Será exposto e detalhado o déficit nas contas 
públicas, bem como as soluções para reduzir esse déficit. As principais 
propostas que Padilha apresentará são as mesmas pautas defendidas por 
Temer há meses e, em alguns casos, anos: reforma da Previdência, cessão 
onerosa, reforma tributária e privatização de distribuidoras de energia 
da Eletrobras, dentre outros.
Todos os ministérios terão 
representantes na equipe de transição. Esses representantes vão detalhar
 para os correspondentes do futuro governo os dados compilados pelos 
servidores em cada ministério, empresa pública e autarquia. Esses dados 
foram inseridos em um sistema informatizado chamado Governa e são 
confidenciais. Só terá acesso aos dados inseridos nesse sistema a equipe
 indicada pelo presidente eleito para participar da transição.
Também
 estão no documento as informações em detalhes sobre os recursos humanos
 do Poder Executivo: número de servidores nos ministérios, autarquias e 
empresas públicas em todo país. Ainda haverá uma radiografia sobre os 
servidores efetivos (contratados via concurso público) e quantos são de 
livre nomeação do governo. Com esses dados, o novo governo saberá quanto
 a União gasta com pessoal e qual é a demanda da Administração Pública.
Há
 semanas que Michel Temer e sua equipe vêm pregando uma transição 
tranquila com a próxima gestão. Em uma reunião com a cúpula ministerial 
na segunda-feira (22), Temer determinou providências no sentido de não 
prejudicar o novo governo.
Segundo assessores, Temer quer dar ao 
próximo presidente o tratamento que gostaria de ter recebido. Em 
palestra recente realizada no Paraná, ele se queixou de não encontrar 
nenhuma informação sobre o andamento do governo e do país.
“Quando cheguei [à Presidência, após o impeachment
 de Dilma Rousseff], não havia ninguém e, nos computadores, não havia 
dado nenhum. Tudo foi retirado. Tivemos de começar do zero”, disse o 
presidente na ocasião.
Temer acrescentou que é “institucionalmente
 incorreto” não haver um processo de transição. “As pessoas não têm de 
se pautar pelas emoções momentâneas, mas pelos critérios da Constituição
 Federal”.
Na sexta-feira (26), o deputado federal Onyx Lorenzoni 
(DEM-RS), confirmado como futuro ministro da Casa Civil, adiantou que a 
equipe de transição será definida em menos de 48 horas e composta por 50
 pessoas. 
Os últimos dias, antes do segundo turno da 
eleição, foram intensas visitas na casa de Bolsonaro, no condomínio na 
Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Mas não foram anunciados nomes nem 
cargos. Porém, o candidato enviou Onyx a Brasília para um encontro com o
 ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
* Colaborou Carolina Gonçalves - Política ao Minuto
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