Historiador classifica fala do ministro Dias Toffoli sobre 1964 como ‘assustadora’
O professor Daniel Aarão Reis criticou o argumento do presidente do Supremo Tribunal Federal
© REUTERS
O historiador Daniel Aarão Reis, professor de História da UFF, disse em entrevista ao jornal “O Globo” que a declaração do ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), acerca da ditadura que ocorreu no Brasil é “assustadora”.
“Em tese, não vejo contradição entre o uso da palavra
movimento e o uso da palavra golpe. Em 1964, a meu ver, houve um
movimento - englobando civis e militares - que resultou num golpe de
estado, inclusive com participação de amplos setores da sociedade. O que
causou espécie nas declarações do ministro Toffoli foi o fato de que
ele tentou substituir a noção de golpe pela de movimento. E chegou à
enormidade de tirar do vocabulário a palavra ditadura. Daí o espanto. O
pior é que, não satisfeito, atribuiu a mim suas encartadas”, disse.
Reis ainda avaliou que o posicionamento de Toffoli é um risco para a democracia.
“Debates históricos são inevitáveis numa democracia, sobretudo quando
se considerados temas polêmicos. O que é assustador é o presidente do
STF declarar que não vai usar mais o termo "ditadura", quando o país
passou por 15 anos de ditadura (ou 21 anos segundo a maioria), que
inclusive cassou três ministros do próprio STF e obrigou outros dois a
se aposentarem sob ameaça de cassação. Lembra a triste atitude tomada
pelo presidente do STF em 1964, Ribeiro da Costa, que apoiou o golpe sem
sequer consultar seus colegas. Depois, arrependeu-se e teve vários
choques com a Ditadura. Tarde demais”, acrescentou.
Justiça ao Minuto
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