PCC planejou ataques criminosos durante período das eleições, diz Polícia Federal
Josemar Gonçalves / Estadão Conteúdo |
Os
setores de inteligência da PF (Polícia Federal) e do Depen
(Departamento Penitenciário Nacional) mapearam e desarticularam dois
planos do PCC (Primeiro Comando da Capital) para realizar atentados
contra agentes públicos e explodir bombas em prédios públicos. Entre os
alvos estaria a sede do próprio Depen, em Brasília. O motivo seria o
descontentamento com regras de presídios do sistema federal, que proíbem
os presos de receber visitas íntimas e gravam conversas entre eles e os
advogados.
Os investigadores encontraram, entre os bilhetes
apreendidos na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Roraima,
fragmentos que citam necessidade de ações violentas contra o sistema
penitenciário do país durante o período das eleições. O objetivo,
segundo a PF, era “tentar convencer as autoridades a reverem os
procedimentos de segurança das penitenciárias federais”, considerados
pelo PCC como “opressores”. “Essas eleições para governador e presidente
podem até contribuir ao nosso favor; (…) desse modo obrigá-los a
considerar que o melhor caminho seja ceder à negociação, aceitar as
reivindicações exigidas, isso mesmo tendo ciência e consciência que irão
recuar provavelmente até o presidente”, diz o bilhete apreendido.
Parte
das ações, segundo a PF, foi estruturada após um dos líderes da facção
ficar detido na Penitenciária Federal de Mossoró, Rio Grande do Norte,
juntamente com Luis Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar,
liderança do Comando Vermelho. A PF chegou a gravar as conversas entre
Beira-Mar e Abel Pacheco, o Vida Loka, líder do PCC, sobre os métodos
utilizados no passado por terroristas das Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia) para atacar as autoridades que atuam no
combate ao tráfico de drogas.
Na conversa, Beira-Mar cita a
necessidade de se valer de sequestro de autoridades em troca da
liberdade de criminosos, explosão de torres de transmissão localizadas
em áreas industriais e, também, sequestro de pessoas “importantes” para
barganhar pela soltura de líderes “importantes”. “A guerrilha foi, pegou
umas autoridades, três ou quatro autoridades, aí falou: Ó, dou tantos
dias pá. Dou tantos dias pá liberar; se não der, rápt! Rapaz, pegou o
primeiro”, disse Beira-Mar a Abel Pacheco em uma das conversas.
As
conversas, segundo a PF, ocorreram em junho de 2017, na Penitenciária
Federal de Mossoró, onde Vida Loka e Beira-Mar estavam detidos. Após ser
transferido para Porto Velho, Vida Loka teria repassado as informações
para Roberto Soriano e Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, outras
duas lideranças do PCC. Os investigadores conseguiram detalhar e
interromper o plano, após análise de bilhetes encontrados no esgoto das
celas da penitenciária de Porto Velho. Essa troca de informações entre
Soriano, Pacheco e Nunes resultou nos planos Pé de Borracha e Morada do
Sol.
Planos
O primeiro teria como objetivo
explodir um carro-bomba no estacionamento da sede do Depen em Brasília.
Segundo o plano interrompido, além dos explosivos, o carro teria um
envelope com as exigências da facção, entre elas visita social de cinco
horas, visita íntima semanal, banho de sol de duas horas, tratamento
digno e televisão e rádio em todas celas. “Amigos, deixamos claro,
independentemente de liberar a íntima (visita), ao nosso ver o projeto
deve ser colocado mesmo assim em prática, pois o propósito será quebrar
todas as principais opressões conforme explicado no salve anterior”, diz
um dos bilhetes enviados por Pacheco a companheiros e apreendido pela
PF no esgoto do presídio de Porto Velho.
A Morada do Sol, por sua
vez, era para sequestrar, torturar e assassinar agentes públicos e
pressionar o governo federal e o STF (Supremo Tribunal Federal) a
liberar as chamadas visitas íntimas nos presídios federais. As visitas
estão suspensas desde julho de 2017. “As investigações identificaram que
a facção criminosa já havia realizado o levantamento da rotina e da
atividade de diversos servidores públicos fora do ambiente de trabalho
para serem sequestrados e/ou assassinados em seus momentos de folga”,
disse a PF, por meio de nota.
R7
Nenhum comentário:
Postar um comentário