Juiz federal Sergio Moro não descarta aceitar convite e participar do governo Bolsonaro
RIO
— O juiz federal Sergio Moro não descarta a possibilidade de aceitar um
convite do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para o Ministério da
Justiça e aceitaria de bom grado a indicação para Supremo Tribunal
Federal (STF). Em entrevista na TV nesta segunda-feira, Bolsonaro
afirmou que vai convidar Moro para ocupar uma vaga no Supremo ou no
ministério.
A interlocutores, Moro
afirma que a vantagem de integrar a equipe do presidente eleito seria
afastar o temor de alguns setores da sociedade de algum tipo de quebra
do Estado Democrático de Direito.
A
escolha do Ministério da Justiça o levaria para Brasília antes, já que a
primeira vaga na Suprema Corte será aberta em 2020, quando o ministro
Celso de Mello completa 75 anos.
Apesar
de não manifestar preferência em relação a Bolsonaro durante a campanha
eleitoral, Moro afirmava a interlocutores que a volta do PT ao poder
seria inaceitável – para ele, seria como corroborar o esquema de
corrupção desmontado pela Lava-Jato. Além disso, criticava a
possibilidade de um eventual governo de Fernando Haddad adotar medidas
para controle do Judiciário e da mídia.
Moro
também via pontos positivos na campanha de Bolsonaro, como a promessa
de não lotear os ministérios. Mesmo diante da notícia de que grandes
empresas poderiam ter financiado disparos em massa de Whatsapp para o
candidato do PSL, manteve a convicção de que o caso poderia ser um erro
da campanha, mas não corrupção, já que Bolsonaro poderia não saber do
apoio dos empresários feito por fora da campanha oficial.
O
juiz da Lava-Jato também diz ter ficado bem impressionado com a atuação
do deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro ministro da Casa
Civil, durante a tramitação das dez medidas anti-corrupção, proposta
pelo Ministério Público Federal (MPF). Argumenta que, mesmo diante da
pressão dos demais parlamentares, manteve boa parte do projeto original —
embora tenha incluído a possibilidade de juízes e membros do Ministério
Público serem denunciados por crime de responsabilidade em caso de
abuso de poder.
Em
entrevista, Bolsonaro disse que ainda não procurou o magistrado, mas
ressaltou que quer agendar a conversa em breve. Pelo menos duas vagas no
STF serão abertas nos quatro anos de mandato do capitão da reserva, com
as aposentadorias compulsórias dos ministros Celso de Mello e Marco
Aurélio Mello.
— Se tivesse
falado isso lá atrás, soaria oportunista. Pretendo sim (convidar Moro)
não só para o Supremo, como quem sabe até para o Ministério da Justiça.
Pretendo conversar com ele, saber se há interesse e, se houver interesse
da parte dele, com toda certeza será uma pessoa de extrema importância
em um governo como o nosso — disse Bolsonaro.
Fonte: O Globo
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