Caravana de milhares de migrantes hondurenhos avança no México, apesar das advertências de Trump
AFP / PEDRO PARDO |
Lutando
contra um cansaço crescente, a caravana de migrantes hondurenhos
continuava nesta quinta-feira (25) o seu périplo nas rodovias do sul do
México rumo aos Estados Unidos, apesar das advertências do presidente
Donald Trump de que serão rejeitados.
Os milhares de migrantes
partiram na madrugada desta quinta-feira do município de Mapastepec, no
estado de Chiapas (sul). Sua quarta parada no território mexicano será
Pijijiapan, um trajeto que deve durar sete horas de caminhada.
Ainda
faltam mais de 3.000 km para chegar à fronteira com os Estados Unidos,
segundo seus cálculos, que devem percorrer em um mês e meio,
aproximadamente. A ONU estima que cerca de 7.000 pessoas viajem na
caravana.
Os centro-americanos partiram de Honduras em 13 de
outubro e o cansaço obrigou muitos a subir em caminhões de transporte de
animais ou de materiais de construção, trailers, ou mesmo em mototáxis,
afim de encurtar o caminho de forma gratuita.
Mas a maioria
continua fazendo o percurso a pé, paralelamente à costa do Pacífico,
alguns carregando seus filhos nos ombros, outros empurrando pessoas em
cadeiras de rodas.
“É a missão da gente chegar bem. Todos os
hondurenhos vieram para viver o sonho americano”, disse em uma rodovia
José Anibal Mejía, de 27 anos, enquanto atravessava a pequena comunidade
de Doctor Samuel León Bridis.
“Custa (esforço), e sabemos que
este país também é perigoso, mas Honduras é mais perigoso, matam por
nada”, avalia enquanto caminha com sua filha, a oito quilômetros da
cabeceira de Mapastepec.
Ele, sua filha, seu sobrinho e um vizinho
se dedicavam ao cultivo de café, mas tomaram a decisão de abandonar
Honduras porque a praga Roya, considerada uma das doenças de plantas
mais catastróficas, provocou a quebra da fazenda onde trabalhava.
“Decidi
deixar minha casa porque já estou há 20 anos assim, por um acidente, e
preciso de uma operação. Eu quero fazê-la nos Estados Unidos. Em meu
país ninguém me apoia”, confessa Sergio Cáceres, de 40 anos, empurrado
na cadeira de rodas por um amigo que conheceu na caravana. Ele vai ao
encontro de suas duas irmãs que vivem nos Estados Unidos.
Trump
advertiu que cancelará a ajuda ao desenvolvimento na América Central se
as caravanas persistirem, e exigiu que o México deter sua passagem.
O
Pentágono enviará centenas de soldados à fronteira com o México,
informou um oficial, na condição de anonimato, nesta quinta-feira,
depois que Donald Trump afirmou que os militares seriam usados para
combater a “emergência nacional” na fronteira.
A autoridade do
Pentágono informou que as tropas serão usadas principalmente para
fornecer apoio logístico, incluindo tendas, veículos e equipamentos.
Trump
tuitou anteriormente que as leis “inspiradas pelos democratas”
dificultam a situação das pessoas na fronteira. “Estou trazendo os
militares para esta emergência nacional”, acrescentou.
O México
havia informado que somente entrariam da Guatemala os que contassem com
documentos legais, mas a maioria entrou cruzando clandestinamente o
fronteiriço rio Suchiate.
Até quarta-feira, foram contabilizados
1.743 solicitações refúgio no México, particularmente de menores de
idade com suas mães e mulheres, segundo o governo mexicano.
AFP
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