Candidatos já gastaram R$ 100 milhões com militância e mobilização de rua até esta quinta-feira
São recursos públicos que bancam a maior parte das campanhas
© Reuters
Era quase 1h da manhã de
quarta-feira (3) quando, depois de um longo debate na TV, o candidato ao
governo do Distrito Federal Ibaneis (MDB) deixou a sede da Rede Globo
em Brasília. Apesar do horário, foi cercado por apoiadores eufóricos que
gritavam "um, dois, três, é a vez do Ibaneis" em uma rua deserta. Os
militantes foram pagos para estar ali.
O gasto do emedebista com "apoiadores" - R$ 250 mil por 269
contratos - é previsto em lei e foi usado maciçamente por candidatos em
todos os estados. Na campanha para o primeiro turno, segundo dados do
TSE (Tribunal Superior Eleitoral), as despesas com atividades de
militância e mobilização de rua atingiram R$ 100 milhões, atualizados
até esta quinta-feira (4).
O valor ainda deve aumentar, já que os
prazos previstos para que o candidato preste contas e o TSE inclua as
despesas no sistema gera uma defasagem de cinco dias no banco de dados
da Justiça Eleitoral.
São recursos públicos que bancam a maior
parte das campanhas. Para a eleição deste ano, um montante de R$ 1,7
bilhão foi reservado no orçamento do governo para o custeio das
candidaturas.
Também até esta quinta-feira (4), o total de doações
de pessoas físicas estava em R$ 330 milhões, cerca de um quinto do
valor do fundo público eleitoral.
Em todo o Brasil, cerca de 2.000
candidatos pagaram para que cerca de 90 mil militantes comparecessem a
eventos e comícios. Eles também são vistos nos semáforos sacudindo
bandeiras e cantando jingles das campanhas.
Em média, cada um desses mobilizadores recebeu R$ 995 para participar de atos em defesa de seu candidato.
O campeão de gastos é o postulante do PSD ao governo do Paraná, Ratinho Júnior, filho do apresentador de TV Ratinho.
Ele declarou ter desembolsado R$ 972 mil de sua campanha por um batalhão de 1.028 apoiadores.
A
coordenação de campanha de Ratinho Júnior informou que esses
profissionais ajudam na organização de eventos e não ficam apenas nas
esquinas com bandeiras. Segundo eles, a estratégia é importante porque a
propaganda eleitoral na TV está perdendo força e ainda é difícil medir o
impacto da campanha pela internet.
O deputado Rogério Marinho
(PSDB-RN), que foi relator da reforma trabalhista, é o vice-líder do
ranking, com R$ 910 mil pagos pelos serviços de 175 militantes. Um dos
contratados recebeu R$ 12 mil para atuar por menos de dois meses.
"Está
tudo dentro da regra do TSE. Estou fazendo exatamente o que a lei
manda, tudo legal, tudo organizado e transparente, ao contrário de muita
gente que está fazendo por fora", afirmou.
Na eleição deste ano,
os militantes pagos são uma das poucas opções que restaram para a
campanha eleitoral nas ruas, que sofreu restrições em reformas aprovadas
pelo Congresso nos últimos anos.
Em vias públicas, a propaganda é
limitada a bandeiras, mesas para distribuição de materiais e adesivos.
Carros de som só são permitidos em caminhadas ou em comícios.
Bonecos, cavaletes e outdoors estão proibidos, bem como pinturas, placas e faixas em muros particulares.
A
contratação de cabos eleitorais é autorizada, mas deve respeitar um
limite que varia para cada município. Em São Paulo, por exemplo,
candidatos ao governo podem contratar até 18,6 mil militantes.
No Tocantins, o limite é de 910 apoiadores.
No
Distrito Federal, Ibaneis, que aparece em primeiro nas pesquisas,
afirma que as contratações estão dentro dos limites estabelecidos pelo
TSE, com inclusão regular na prestação de contas. Sua concorrente
direta, Eliana Pedrosa (Pros), gastou mais que ele: R$ 337 mil por 615
contratos de apoiadores.
Em recorte regional, Roraima é onde, proporcionalmente, mais se
gastou com cabos eleitorais. Na média, o custo desse serviço foi
equivalente a R$ 9,40 para cada eleitor do estado. Com R$ 2,78, Rondônia
ficou em segundo, seguido do Distrito Federal, que teve gasto médio de
R$ 2,27.
Política ao Minuto com informações da Folhapress
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