Conheça a trajetória da mulher de Bolsonaro, futura primeira-dama do Brasil
Fluente na Língua Brasileira de Sinais, Michelle tem se apresentado como uma defensora dos direitos das pessoas com necessidades especiais
© Reuters
Avessa a
entrevistas e aparições públicas, a mulher de Jair Bolsonaro, Michelle
de Paula Firmino Reinaldo, mãe de sua filha caçula, Laura, de oito anos,
se manteve discreta durante toda a campanha eleitoral. Só apareceu em
propaganda de TV na última quinta-feira, 25, suavizando a imagem do
marido e o descrevendo como "um cara humano, que se preocupa com as
pessoas" e "muito brincalhão".
Fluente na Língua Brasileira de Sinais, Michelle tem se
apresentado como uma defensora dos direitos das pessoas com necessidades
especiais. Fez a ligação de Bolsonaro com essa comunidade,
incentivando-o a assinar um termo de compromisso para melhorar a
qualidade de vida dos deficientes.
Na
reta final da corrida presidencial, Michelle foi apresentada como uma
possível primeira-dama ligada a projetos sociais, "uma mulher forte e
sensível que estará junto com Jair Bolsonaro trabalhando pelo Brasil",
como descrita na propaganda. Evangélica praticante, ela é frequentadora
da Igreja Batista Atitude, na Barra da Tijuca, bairro da zona oeste do
Rio onde fica o condomínio à beira-mar em que o casal mora.
De
personalidade forte ao menos no ambiente familiar, temida pelo círculo
de aliados mais próximos, Michelle segue as características das últimas
duas primeiras-damas brasileiras. Ela já avisou ao marido e à sua equipe
que não vai se arriscar em discursos e cenas de protagonismo, como
Marisa Letícia, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e
Marcela Tedeshi, casada com o presidente Michel Temer.
Casal se conheceu na Câmara dos Deputados
Os
dois têm uma diferença de idade de 27 anos - ele tem 63; ela, 36. Filha
de um migrante cearense e criada em Ceilândia, cidade pobre do Distrito
Federal, Michelle cursou até o ensino médio e tem experiência em
trabalho administrativo na Câmara. Foi onde conheceu e começou a namorar
Bolsonaro.
Era 2006, e ela era secretária na sala da liderança do
PP. Michelle, então, foi levada pelo deputado para trabalhar em seu
gabinete. Dois meses depois, casaram-se no papel. Em 2008, com a súmula
do Supremo Tribunal Federal que impedia o nepotismo no serviço público,
ela deixou o cargo.
Foi Michelle que levou o marido, católico,
para a nova corrente religiosa, que acabou por lhe render parte de sua
votação expressiva. O deputado registrou a filha dela, de um
relacionamento anterior, hoje adolescente - ele já disse em gravações
que ela era "mãe solteira". Foi batizado no Rio Jordão, em Israel, em
2016, pelo pastor Everaldo Dias, da Assembleia de Deus e presidente do
PSC. Ele romperia com o partido em 2017.
Uma das condições
impostas por Michelle para que o relacionamento se tornasse sério era
que os dois se casassem no papel. Outra foi que ele revertesse a
vasectomia que havia feito, pois ela tinha o desejo de ser mãe
novamente.
Filha nasceu em 2010
Em 2008, os
dois se casaram no civil, em regime de separação de bens. Em 2010,
nasceu Laura, a única filha depois de quatro homens - "no quinto (filho)
eu dei uma fraquejada, e veio uma mulher", já declarou Bolsonaro.
Em
2013, Michelle e Jair fizeram uma festa para comemorar o enlace, com
direito a cerimônia ministrada pelo pastor Silas Malafaia e capas de
revistas de noiva.
O
casamento com Michelle marcou também uma mudança na trajetória política
de Bolsonaro, que, na eleição do ano seguinte, teve 460 mil votos para
mais um mandato na Câmara - nas disputas anteriores, sem o voto
evangélico, foi eleito com média de 100 mil votos.
Quando o casal
se mudou para a residência da Barra, Michelle passou a frequentar a
igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, de Malafaia, no bairro. A
ruptura política de Bolsonaro e do bispo, em 2016, levou Michelle a
frequentar a nova igreja. Ali, o casal costuma ir à praia, em frente ao
condomínio, e à pizzaria Fratelli, onde comem massa e tomam apenas sucos
e refrigerantes.
Durante a campanha, quando assessores pediam que
ela ajudasse a reverter os rótulos de misógino e machista, Michelle
brincava: "Por mim, ele nem seria candidato. Só vai ser por uma causa
nobre." Ela também procurou afastar os políticos da casa. Os encontros
da pré-campanha ocorriam na casa ao lado, do vereador licenciado Carlos,
filho de Jair.
No dia 5 de setembro, Bolsonaro fez homenagem à mulher. Após
percorrer em carreata a cidade natal dela, pegou o microfone e
perguntou: "Vamos ter uma primeira-dama de Ceilândia ou não vamos?"
Política ao Minuto
Nenhum comentário:
Postar um comentário