terça-feira, 9 de outubro de 2018

FMI reduz previsão de crescimento mundial

Fundo Monetário Internacional reduz previsão de crescimento mundial em 2018 e 2019


AFP/Arquivos / Mark RALSTON
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu nesta segunda-feira para 3,7% sua previsão de crescimento mundial em 2018 e 2019; uma queda de 0,2 ponto em relação à estimativa de julho passado, atribuindo a reavaliação à guerra comercial entre Estados Unidos e China.
Em seu relatório “Perspectivas da economia mundial”, o FMI mantém inalteradas as previsões de crescimento para 2018 nos Estados Unidos e na China, principais economias do planeta, mas antecipa uma queda em 2019, e adverte que a guerra comercial entre ambos deve afetar as economias emergentes como Brasil e Argentina.
Washington, que acusa Pequim de práticas comerciais “desleais”, impôs taxas às importações de produtos chineses nos últimos meses totalizando 250 bilhões de dólares, motivando uma retaliação tarifária de 110 bilhões de dólares por parte da China.
Os Estados Unidos ameaçam tarifar mais 267 bilhões de dólares em produtos chineses, o que envolveria o total das exportações da China aos EUA.
Segundo o Fundo, a disputa comercial impactará negativamente os dois países e também o restante do mundo, em especial as economias emergentes da Ásia, assim como Brasil, Argentina e Turquia.
Sobre os Estados Unidos, o relatório destaca o crescimento “excepcionalmente robusto” da maior economia do planeta em 2018, que avalia em 2,9%, superior aos 2,4% do conjunto dos países desenvolvidos, o que foi estimulado pela queda dos impostos promovida pelo presidente Donald Trump, que tem a reforma tributária como uma de suas bandeiras.
Mas o FMI estima que o crescimento de Estados Unidos e China sofrerá uma desaceleração em 2019, com expansão do PIB de 2,5% e 6,2%, respectivamente, queda de 0,2 ponto para ambos.
O Fundo também revisou significativamente a previsão de crescimento para a América Latina, para 1,2% (-0,4 ponto) em 2018 e 2,2% (-0,2 ponto) em 2019.
O relatório destaca a situação da Venezuela, mergulhada em uma severa recessão e que deve recuar 18% em 2018 e 5,5% em 2019.
A previsão de inflação para a Venezuela em 2019 é de 10.000.000%, superando a estimativa de 1.350.000% para 2018.
A Argentina, envolvida em uma crise monetária, deve sofrer uma contração de 2,6% em 2018 e de 1,6% em 2019.
O Fundo reduziu ainda a previsão de crescimento para a zona do euro, situando-a em 2% este ano (-0,2 ponto), com Alemanha avançando 1,9% (-0,3 ponto) e França, 1,6% (-0,2), devido à queda das exportações para a China.
O relatório também prevê um enfraquecimento da atividade econômica no Irã diante da retomada das sanções dos Estados Unidos, impostas por Trump após abandonar o pacto nuclear de 2015, e uma aguda desaceleração na Turquia devido à recente queda da lira.
Mas “no geral, o crescimento econômico mundial segue sólido em comparação ao princípio desta década, apesar do aparente estancamento”, assinalou o economista chefe do FMI, Maurice Obstfeld, recordando que a previsão de 3,7% é igual ao crescimento alcançado em 2017.
O FMI vê com preocupação o crescimento das tensões comerciais, que poderão aumentar a incerteza, minar a confiança empresarial e dos mercados financeiros, conduzir a uma maior volatilidade financeira e, finalmente, frear o investimento e o comércio.
Diante disto, o Fundo pede aos governos que se concentrem em políticas que possam compartilhar mais amplamente os benefícios do crescimento, ajudar a combater a crescente desconfiança nas instituições e evitar “reações protecionistas”.
AFP

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