Ciúme sem limite levou mulher a agredir mesária no último domingo e foi presa
No
domingo passado, numa sessão eleitoral, na cidade de Arapongas (PR),
uma mulher agrediu a mesária e foi presa. O motivo? A vítima pegou na
mão do marido da ciumenta para registrar a biometria e foi agredida com
socos no rosto e no corpo. Agora, a agressora responde por lesão
corporal.
Muitos reeditam a mesma
forma primária de vínculo com a mãe, fazendo com que o antigo medo
infantil de ser abandonado reaparece. Se o amor é a solução de todos os
problemas e se o convívio amoroso é a única forma de atenuar o
desamparo, a pessoa amada se torna imprescindível. Não se pode correr o
risco de perdê-la. O controle, a possessividade e o ciúme passam, então,
a fazer parte do amor.
Nesses
casos, o desejo de uma vida livre fica em segundo plano, sufocado pelas
inseguranças pessoais que privilegiam esse mecanismo de controle. Como
são poucos os que se sentem autônomos, observa-se uma busca generalizada
de vínculos amorosos que permitam aprisionar o parceiro, mesmo que seja
à custa da própria limitação.
Há alguns anos entrevistei várias pessoas sobre o ciúme. Selecionei uma das respostas, que me parece bem interessante.
“O
ciúme é um produto da opacidade do outro. O outro é sempre opaco pra
nós. Eu não tenho a menor ideia do que você está pensando de mim nesse
momento, e vice-versa. Em suma: você não tem acesso à minha
subjetividade, nem eu à sua. A relação entre dois seres é marcada pela
ausência de garantia. Por maior que seja a prova de amor dada, ela pode
não ser verdadeira. Essa possibilidade de falsear é que é a mola do
ciúme. Ciúme é a contrapartida da ausência de garantia.” (Luiz Alfredo
Garcia-Roza (escritor e professor de Filosofia)
Fonte: UOL - Publicado por: Amara Alcântara
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