Em carta aos evangélicos, Fernando Haddad pede apoio e se diz alvo de mentiras
O
presidenciável Fernando Haddad (PT) divulgou nesta quarta-feira (17)
carta endereçada aos evangélicos, público que apresenta resistência a
sua candidatura. No documento o petista pede apoio e se diz vítima de
uma campanha baseada em mentiras, preconceitos e especulações.
Ele
frisa que não constam em seu programa de governo quaisquer das
propostas divulgadas por seu adversários como sendo de autoria do PT. O
TSE inclusive determinou que sejam retiradas da internet todas as “fake
news” relativas a um suposto ‘kit gay’.
“Nenhum dos nossos
governos encaminhou ao Congresso leis inexistentes pelas quais nos
atacam: a legalização do aborto, o kit gay, a taxação de templos, a
proibição de culto público, a escolha de sexo pelas crianças e outras
propostas, pelas quais nos acusam desde 1989, nunca foram efetivadas em
tantos anos de governo. Também não constam de meu programa de governo”,
assegura Haddad.
Confira a carta na íntegra:
Carta aberta ao Povo de Deus
Queridos irmãos, queridas irmãs,
O Senhor odeia os lábios mentirosos,
mas se deleita com os que falam a verdade.
Provérbios 12:22
Quero
me dirigir diretamente ao povo evangélico neste momento tão decisivo da
vida de nosso Brasil, cujo futuro será decidido democraticamente nas
urnas do próximo dia 28.
Para estar no segundo turno,
tive que vencer uma agressiva campanha baseada em mentiras, preconceitos
e especulações massivamente espalhadas pelo Whatsapp e outras redes
sociais, contra mim e minha família.
“Estas seis coisas o
Senhor odeia, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, língua
mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, o coração que maquina
pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, a
testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre
irmãos.” (Provérbios 6:16-19)
Desde as eleições de 1989, o
medo e a mentira são semeados entre o povo cristão contra candidatos do
PT. Comunismo, ideologia de gênero, aborto, incesto, fechamento de
Igrejas, perseguição aos fiéis, proibição do culto: tudo o que atribuem
ao meu futuro governo foi usado antes contra Lula e Dilma. As peças
veiculadas, de baixo nível, agridem a inteligência das pessoas de boa
vontade, que não se movem pelo ódio e pela descrença.
“Ó
Deus, a quem louvo, não fiques indiferente, pois homens ímpios e falsos,
dizem calúnias contra mim, e falam mentiras a meu respeito.” (Salmos
109:1-2). Que provas tenho a oferecer para desmentir quem usa meios tão
baixos para enganar, fraudar a vontade popular?
Minha
vida, em primeiro lugar: sou cristão, venho de família religiosa desde
meu avô, que trouxe sua fé do Líbano quando migrou para o Brasil para
construir vida melhor para sua família. Sou casado há 30 anos com a
mesma mulher, Ana Estela, minha companheira de jornada que criou comigo
dois filhos, nos valores que aprendemos com nossos pais. Sou professor,
passaram por minhas mãos milhares de jovens com os quais aprendi e
ensinei meus sonhos de um Brasil digno e soberano.
Minha
vida pública, em segundo lugar: minha atuação, como Ministro da Educação
e como Prefeito de São Paulo, fala por mim. Abri as portas da educação
para os mais pobres, das creches – nas quais o governo federal passou a
investir pesadamente em minha gestão – à Universidade. Antes do Pro-Uni,
do FIES sem fiador, do ENEM, da criação de vagas em instituições
públicas e gratuitas de ensino e das cotas raciais, o ensino superior
era inacessível para jovens negros, trabalhadores e da periferia.
Busquei humanizar a metrópole que me foi confiada, buscando inovações
para ampliar os direitos, à moradia, à mobilidade urbana, ao meio
ambiente sadio, à convivência fraterna.
Sempre contei, no
MEC ou na Prefeitura de São Paulo, com a parceria com todas as
denominações religiosas. Tratei a todas de forma igualitária. Os
governos Lula e Dilma, bem como nossos governos estaduais e municipais,
sempre reconheceram dois pilares do Estado democrático: é laico e, como
tal, não privilegia nem discrimina ninguém em razão de sua
religiosidade. Nenhuma Igreja foi perseguida, o direito de culto sempre
foi assegurado, a liberdade de expressão também. Nenhum dos nossos
governos encaminhou ao Congresso leis inexistentes pelas quais nos
atacam: a legalização do aborto, o kit gay, a taxação de templos, a
proibição de culto público, a escolha de sexo pelas crianças e outras
propostas, pelas quais nos acusam desde 1989, nunca foram efetivadas em
tantos anos de governo. Também não constam de meu programa de governo.
“Acautelai-vos
quanto aos falsos profetas. Eles se aproximam de vós disfarçados de
ovelhas, mas no seu íntimo são como lobos devoradores. Pelos seus frutos
os conhecereis. É possível alguém colher uvas de um espinheiro ou figos
das ervas daninhas? Assim sendo, toda árvore boa produz bons frutos,
mas a árvore ruim dá frutos ruins.” (Mateus 7:15-17).
Os
frutos que quero legar ao Brasil como Presidente são a justiça e a paz.
Emprego para milhões de desempregados e desempregadas poderem sustentar
com dignidade suas famílias. Salário justo, com direitos que foram
eliminados pelo atual governo e que serão trazidos de volta com a
anulação da reforma trabalhista, e o direito à aposentadoria, ameaçado
pela reforma da Previdência apoiada pelo atual governo e meu adversário.
“Aprendei a fazer o bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido;
fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas.” (Isaías 1:17)
Quero
governar o Brasil com diálogo e democracia, com a participação de todos
e todas que se disponham a doar de seu tempo e talentos na construção
do bem comum. Um governo que promova a cultura da paz, que impeça a
violência, que nunca use da tortura e da guerra civil como bandeiras
políticas. Que una novamente a Nação brasileira, para que volte a ser
vista com esperança pelos mais pobres e com respeito pela comunidade
internacional.
Apresento-me, pois, diante dos irmãos e
irmãs das mais variadas denominações cristãs, com a sinceridade e
honestidade que sempre presidiram minha vida e meus atos. A Deus, clamo
como o salmista: “guia-me com a tua verdade e ensina-me, pois tu és
Deus, meu Salvador, e a minha esperança está em ti o tempo todo.”
(Salmos 25:5). E a vocês, peço justiça, a justa apreciação de meus
propósitos e o voto para concretizar essas intenções num governo que
traga o Brasil aos caminhos da justiça, da concórdia e da paz.
Fernando Haddad
MaisPB
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