Costureira de 36 anos baleada na nuca por policial militar tem morte cerebral confirmada
Vânia
Silva Tibúrcio Lopes, de 36 anos, teve a morte cerebral confirmada pela
Prefeitura de Duque de Caxias na tarde desta terça-feira (21). A
costureira foi atingida por um tiro de fuzil na nuca durante uma
abordagem policial no bairro de Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada
Fluminense.
Em entrevista à RecordTV, o marido da vítima, o
auxiliar de manutenção Carlos Alberto Lopes, contou que, na noite de
segunda-feira (20), os dois estavam no carro quando receberam a ordem de
parada de uma viatura PM. O marido da vítima, que conduzia o veículo,
disse que abriu os vidros, acendeu a luz interna, estacionou próximo a
um sinal de trânsito — onde havia outra viatura da polícia parada — e
saiu do carro. Em seguida, “o policial da viatura atrás aplicou o tiro
que acertou fatalmente na minha esposa”, contou.
Carlos Alberto disse ainda que o policial militar se desculpou “mais de dez vezes” quando percebeu o erro durante a ação.
Vânia
foi socorrida e encaminhada ao Hospital Municipal Moacyr do Carmo. De
acordo com a prefeitura, a morte foi confirmada pela equipe do Programa
Estadual de Transplantes por volta das 15h40. A vítima passou por
tomografia e “o exame identificou um projétil alojado em base de
crânio”, diz a nota oficial. Após o exame, ela foi transferida para o
CTI (Centro de Terapia Intensiva) da unidade, onde permaneceu durante
todo o período de internação.
Versão da PM
Em
nota, a Polícia Militar afirmou Carlos não obedeceu a ordem de parada e
tentou fugir da equipe. O veículo teria sido perseguido e alcançado por
outras viaturas em um sinal de trânsito.
“O motorista desembarcou
com o veículo ligado e engrenado. O carro, em movimento, quase
atropelou um dos policiais, induzindo a guarnição a achar que se tratava
de uma tentativa de fuga ao bloqueio por supostos outros ocupantes. Foi
quando houve o disparo.”
Policiais pensaram que carro era roubado
O veículo conduzido pelo marido da vítima constava como roubado desde abril.
“Já
tínhamos passado por uma viatura, próximo a nossa casa, e essa viatura
acho que jogou a placa do carro e constou [que o veículo era roubado] e
eles vieram atrás”, disse Carlos Alberto.
De fato, o carro do
casal havia sido roubado, em abril deste ano, mas foi recuperado. Carlos
levou o veículo até uma delegacia, onde foi informado que precisaria ir
ao Pátio Legal, que abriga automóveis roubados ou furtados, para
regularizar a situação. O atendimento aconteceria nesta terça (21).
Carlos
Alberto e os policiais envolvidos na ação prestaram depoimento na DHBF
(Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense), que investiga o caso. As
armas dos agentes foram apreendidas para exame pericial. Agora, a
Polícia Civil procura por testemunhas e imagens das câmeras de segurança
do local do crime para analisar a conduta dos PMs.
Antes da nota
enviada pela assessoria de imprensa da Polícia Militar, o porta-voz da
corporação, major Ivan Blaz, admitiu o erro e classificou o caso como
“uma grande tragédia”.
“Mas é importante frisar também que até o
momento em que o carro é acompanhado e abordado, não houve ali uma ação a
ser criticada por parte dos policiais. Sem dúvida nenhuma, a decisão de
efetuar o disparo foi uma decisão errada. Mas se leva em consideração
todo esse contexto que a gente tem vivido hoje de violência. Em uma
situação de erro, a decisão de atirar é tomada em uma fração de
segundo”.
De acordo com Blaz, a corregedoria da Polícia Militar
acompanha o caso. Ao deixar a DHBF, os agentes envolvidos na abordagem
também foram ouvidos na Delegacia de Polícia Judiciária Militar.
R7
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