Ana Amélia aceita ser vice do ex-governador Geraldo Alckmin, mas impõe condições
A confirmação da aliança no RS é uma má notícia para o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL)
© Geraldo Magela/Agência Senado
Uma semana após ter
sido rejeitado pelo empresário Josué Alencar (PR), Geraldo Alckmin
(PSDB) ficou mais perto de resolver a novela em que se transformou sua
busca por um vice para a disputa pela Presidência da República.
A
senadora Ana Amélia (PP), 73, aceitou ocupar o posto na chapa do
tucano, mas condicionou a aliança a acertos no Rio Grande do Sul.
PP
e PSDB têm candidatos ao governo do estado. O deputado Luiz Carlos
Heinze (PP), com apoio de DEM, PSC, Pros e PSL, enfrenta o ex-prefeito
de Pelotas Eduardo Leite (PSDB), com apoio de PTB, PRB, PHS, Rede e PPS.
Heinze disse que está disposto a deixar a disputa para ser candidato ao
Senado em uma composição entre as legendas.
A
confirmação da aliança no RS é uma má notícia para o presidenciável
Jair Bolsonaro (PSL), que, com a saída de Heinze, ficaria sem palanque
no estado.
Aliados de Alckmin no PSDB e no centrão -DEM, PP, PR,
PRB e SD- já comemoram a decisão da gaúcha, mas ela disse que a palavra
final será do próprio candidato.
"A minha decisão depende destes
acertos. Ele [Alckmin] que vai falar sobre isso depois de fechar todos
os acordos com o nosso partido", afirmou a senadora.
Ela havia
sido procurada por Alckmin na quarta (1º) e, nesta quinta, recebeu
telefonemas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e de seu
colega tucano Tasso Jereissati (CE).
Além da questão do estado,
Ana Amélia analisou também seu estado de saúde. Ela foi internada nesta
semana com crise de hipertensão.
Ao menos até segunda-feira
passada, Ana Amélia descartava ser vice na chapa de Alckmin, mas
reconsiderou sua posição após o convite.
Ao longo do dia, o pré-candidato e líderes do centrão negaram repetidamente que tivessem feito qualquer sondagem à gaúcha.
Depois de ser rejeitado por Alencar, Alckmin e seus aliados não queriam sofrer o desgaste de nova recusa.
O
ex-governador de São Paulo se esforçava para chegar à convenção de seu
partido, no sábado (4), já com o posto de vice definido.
O nome
de Ana Amélia não é consenso em seu partido e também entre siglas do
centrão. Embora o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), diga não
haver veto à gaúcha, correligionários reconhecem a total falta de
entrosamento entre a senadora e a cúpula do partido.
Aliados de
Nogueira dizem haver preocupação com uma eventual perda de poder da ala
nordestina da sigla. Além da presidência da legenda ser do senador do
Piauí, cabe ao paraibano Aguinaldo Ribeiro a liderança do governo na
Câmara, e ao alagoano Arthur Lira a liderança do PP na Casa.
Outra
preocupação é que, ao levar um quadro do partido para a
Vice-Presidência, Alckmin queira diminuir o espaço que o PP tem hoje na
Esplanada dos Ministérios, caso seja eleito. A sigla domina atualmente
as pastas de Saúde, Agricultura e Cidades, além da Caixa Econômica
Federal. Integrantes da bancada do partido dizem que Ana Amélia tem que
ser tratada como cota pessoal do tucano.
Mal a decisão de Ana
Amélia havia sido divulgada, integrantes de outros partidos do centrão
começaram a reclamar do excesso de espaço que o PP poderia ter em um
eventual governo. Pela manhã, Ana Amélia disse que só aceitaria a vaga
na chapa do PSDB se pudesse manter sua autonomia em um eventual governo.
"Em qualquer lugar que eu estiver, se eu não for independente, se eu
não pensar e agir com as minhas convicções, não serve para mim", afirmou
a senadora.
Nesta quinta, Alckmin recebeu oficialmente o apoio do PP e do DEM.
Notícias ao Minuto com informações da Folhapress
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