Tribunal Superior Eleitoral cumprirá sua missão com firmeza, diz Rosa Weber em solenidade de posse
A
nova presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa
Weber, disse nesta terça-feira (14) que a Corte Eleitoral “cumprirá a
sua missão com firmeza”. Em solenidade de posse esvaziada de políticos,
Rosa defendeu o fortalecimento das instituições e a consolidação da
democracia brasileira.
“A certeza que tenho é de que o TSE
cumprirá a sua missão com firmeza”, disse Rosa. A gaúcha, de 69 anos,
seguirá no comando do TSE até maio de 2020. Ela assume a presidência do
TSE um dia antes de o PT formalizar o registro da candidatura do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso e condenado na Lava
Jato.
“Tanto mais sólida a nossa democracia, quanto maiores os
esforços no sentido da estabilidade, da segurança, da lisura e da
transparência do processo eleitoral, com respeito às regras
estabelecidas”, disse Rosa.
Na condição de presidente do TSE, a
ministra disse considerar “missão precípua assegurar todos os meios que
viabilizem o processo diário de fortalecimento das instituições e de
consolidação da democracia”.
“Quem exercer o poder político deve
ter o dever de zelar para que o jardim da democracia seja constantemente
regado pelos valores da Constituição e a ordem internacional”, afirmou
Rosa.
“A democracia se aperfeiçoa sempre através da evolução do
Estado de Democrático de Direito. Os desvios, as deficiências na
educação e na cultura, a desigual distribuição de riqueza, a corrupção
de agentes públicos e privados, não podem obscurecer a ideia de um poder
que emana do povo e que em seu nome será exercido”, ressaltou.
À
frente da Corte Eleitoral, Rosa enfrentará uma série de desafios em meio
aos preparativos de uma das eleições mais imprevisíveis da história
recente brasileira, como a controvérsia com um eventual registro de
Lula, o combate à disseminação de notícias falsas, a criação de um
bilionário Fundo Eleitoral para financiar campanhas e a fiscalização do
cumprimento da cota feminina – os partidos terão de destinar pelo menos
30% dos recursos do fundo para campanhas de mulheres.
‘Segurança
jurídica’. Para a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a posse
de Rosa é um fato “marcante na história da República brasileira”. “Suas
decisões transmitem segurança jurídica, aplicam a lei de forma
coerente”, disse Raquel, que defendeu a definição, pela Justiça
Eleitoral, do “reais concorrentes” no pleito o quanto antes.
Em
mais um recado a candidatos fichas-sujas, Raquel disse que a lei das
inelegibilidades deve ser assegurada para que só os elegíveis concorram,
e os inelegíveis não financiem suas pretensões com recursos públicos.
“Recursos
protelatórios também não podem ter efeito suspensivo com o propósito de
influenciar no resultado das eleições, sobretudo quando temos um
calendário eleitoral tão curto”, disse a procuradora, que destacou que o
Ministério Público Eleitoral tem se preparado para atuar de “forma
célere e efetiva” nas eleições de 2018.
A procuradora-geral da
República destacou que as próximas eleições são complexas, reguladas por
leis novas, “que floresceram sob a influência de reclamos por
integridade, igualdade e justiça, que têm dominado as conversas dos
brasileiros e o noticiário nacional”. “Vejo que o enfrentamento da
corrupção tornou-se mais eficiente com a Operação Lava Jato e desde que
esse tema tornou-se a principal preocupação da população”, comentou.
No
discurso durante a solenidade, o presidente da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), Cláudio Lamachia, defendeu a não criminalização da
política, mas criticou políticos presos pela Operação Lava Jato.
Ele
classificou o voto nulo ou em branco como “um desserviço à democracia
brasileira”. Lamachia cobrou que seja extinto o Fundo Eleitoral,
aplicado pela primeira vez neste ano com R$ 1,7 bilhão em recursos
públicos, remanejados de outros gastos do Orçamento da União. Lamachia
foi outro orador, seguindo Raquel Dodge, a pedir celeridade ao TSE nos
julgamentos.
Urna. Em parte de seu discurso, Rosa fez questão de
prestigiar a “segurança” das urnas eletrônicas, capaz de “garantir
sigilo, segurança e imparcialidade” ao processo eleitoral. A ministra
ainda destacou a “inocorrência de qualquer processo de fraude ao longo
dos últimos 22 anos de utilização das urnas eletrônicas”.
“Trouxe o
melhor exemplo da obra coletiva dos que se dedicam há décadas neste
tribunal no fortalecimento da democracia”, afirmou a nova presidente do
TSE.
Políticos. Entre
os poucos políticos presentes à solenidade de posse de Rosa estavam o
ex-presidente José Sarney, os governadores do Distrito Federal, Rodrigo
Rollemberg (PSB), e de Santa Catarina, Eduardo Pinho Moreira (MDB), e o
vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (MDB-MG).
A posse foi
marcada pela presença de políticos do “baixo clero”, como o deputado
Paes Landim (PTB-PI), que teve inquérito arquivado por Rosa, a pedido da
Procuradoria-Geral da República.
Durante a solenidade, o colega
de TSE, ministro Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, citou o perfil
discreto da nova presidente do TSE. “O mais discreto possível, uma das
marcas registradas da ministra Rosa Weber”, disse, destacando que a
ministra assumirá a cadeira de presidente às vésperas “das complexas e
desafiadoras eleições de 2018”. Rosa é considerada por colegas,
auxiliares e advogados a ministra mais rigorosa do TSE.
Na mesma
solenidade, o ministro Luís Roberto Barroso, que se tornou ministro
efetivo do TSE em fevereiro, foi empossado como vice-presidente da Corte
Eleitoral. O ministro Jorge Mussi, por sua vez, foi empossado como
corregedor-geral da Justiça Eleitoral.
Fonte: Estadão - Publicado por: Fabricia Oliveira

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