Mesa Diretora da Câmara dos Deputados cassa mandato do deputado federal Paulo Maluf
A
 Câmara dos Deputados cassou nesta quarta-feira (22) o mandato do 
deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), de 86 anos. A decisão da Mesa 
Diretora foi unânime. A defesa do deputado afirmou, por meio de nota, 
que a Mesa “não tem o direito de cassar nenhum mandato”. Segundo a 
defesa, a decisão é “exclusiva” do plenário da Casa.
Paulo Maluf 
foi condenado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) por 
lavagem de dinheiro, em maio de 2017. Maluf começou a cumprir a pena em 
dezembro do ano passado, no Complexo Penitenciário da Papuda, em 
Brasília. Em março deste ano, o ministro Dias Toffoli autorizou que 
Maluf cumprisse prisão domiciliar.
Maluf já estava afastado do 
cargo desde fevereiro deste ano, por decisão do presidente da Câmara dos
 Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O suplente de deputado Junji Abe 
(MDB-SP), que assumiu o mandato em fevereiro deverá ser efetivado na 
vaga.
Decisão Unânime
A cassação foi 
unânime entre os quatro integrantes da Mesa Diretora presentes à 
reunião, que aconteceu na residência oficial do presidente da Câmara, 
Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O anúncio da decisão foi feito pelo 
corregedor da Câmara, deputado Evandro Gussi (PV-SP). Apesar de 
considerar que caberia ao plenário, ele ponderou que a também não 
poderia ser descumprida a decisão do Supremo.
“O que a Mesa 
decidiu, no nosso entendimento, é que a ofensa menor em busca da 
garantia e da estabilidade do estado de direito no Brasil seria cumprir a
 decisão já que o deputado Paulo Maluf não renunciou e declarar assim a 
perda do seu mandato”, disse.
Segundo Gussi, a situação provocou 
um constrangimento institucional “no sentido que a sentença penal 
condenatória transitada em julgado a Constituição é evidente, é clara no
 sentido de que tem que ser decisão pelo plenário”.
Segundo Gussi, Maluf não tem direito a apresentar recurso.
Lavagem de dinheiro
Maluf
 foi acusado pelo Ministério Público Federal de usar contas no exterior 
para lavar recursos desviados da Prefeitura de São Paulo quando foi 
prefeito, entre 1993 e 1996.
De acordo com a denúncia, parte do 
dinheiro foi desviada da obra de construção da Avenida Água Espraiada, 
atual Avenida Jornalista Roberto Marinho, na zona sul da capital 
paulista.
Em dezembro do ano passado, Maluf foi preso após o 
ministro do STF Edson Fachin rejeitar recurso da defesa e determinar o 
cumprimento imediato da pena de 7 anos, 9 meses e 10 dias. Desde março, 
ele cumpre a pena em regime domiciliar por motivos de saúde.
Ao 
determinar a execução da pena, a Suprema Corte também decidiu pela perda
 automática do mandato já que, preso, Maluf não poderia comparecer às 
sessões da Câmara. Nessa situação, bastaria a declaração da cassação 
pela Mesa Diretora da Casa.
No entanto, a Câmara vinha adiando a 
medida por divergências em relação ao entendimento da decisão do 
Supremo. Isso porque a Constituição também estabelece que, em caso de 
condenação criminal, como é o caso de Maluf, a cassação de mandato 
parlamentar deve ser analisada pelo plenário da Câmara.
Conselho de Ética
Com
 a cassação, perde efeito o processo em tramitação no Conselho de Ética.
 Autora da representação, a Rede argumentava que a condenação de Maluf 
pelo STF configurava quebra de decoro parlamentar por parte do deputado.
G1

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