domingo, 5 de agosto de 2018

João Pessoa, lugar onde o sol nasce primeiro

Pôr do sol no Centro Histórico de João Pessoa, na Paraíba, é alternativa turística

G1 lista lugares onde é possível assistir ao ocaso junto com projetos culturais. João Pessoa comemora aniversário de 433 anos de fundação neste 5 de agosto.


Pôr do sol no Hotel Globo, em João Pessoa (Foto: Funjope/Divulgação)
Pôr do sol no Hotel Globo, em João Pessoa - (Foto: Funjope/Divulgação)
O sol tem uma relação muito íntima com João Pessoa. Além de ser o lugar onde o astro nasce primeiro em toda a América (pelo menos em boa parte do ano), também é um dos primeiros lugares a ver o pôr do sol. Um dos pontos turísticos mais visitados da Paraíba para ver o ocaso é a Praia do Jacaré, em Cabedelo, mas, para este 5 de agosto, aniversário de 433 anos da capital paraibana, o G1 selecionou pontos alternativos onde também é possível acompanhar o pôr do sol, sendo que no Centro Histórico do município.
Thiago Storti é goiano mas mora em João Pessoa há seis anos. Ele é proprietário de uma loja de roupas que também é um café e casa de shows e conta que escolheu o local do estabelecimento, na Avenida General Osório, porque se encantou com o pôr do sol à primeira vista.
“Eu precisei alugar uma muleta após machucar a perna e fui procurar em lojas ortopédicas na General Osório. Acontece que estacionei o carro lá, em frente a uma casa de esquina, de cara com o pôr do sol, no alto do Centro Histórico. Daí o resultado: não aluguei a muleta mas fui pra imobiliária para locar o imóvel”, comenta.
Do quintal da residência, que fica no topo de uma colina, é possível ver toda a parte baixa do Centro Histórico, incluindo boa parte do Rio Sanhauá, onde nasceu o município.
Pôr do Sol a partir da Avenida General Osório, em João Pessoa (Foto: Sara Andrade/Arquivo Pessoal)
Pôr do Sol a partir da Avenida General Osório, em João Pessoa - (Foto: Sara Andrade/Arquivo Pessoal)
“Além do ocaso, também realizamos eventos culturais, tanto no período do pôr do sol como também no início da noite, assim dá pra aproveitar a natureza e também curtir shows, espetáculos teatrais, entre outros”, comenta o comerciante.
Outro comerciante que também não é paraibano mas veio para ficar e montou estabelecimento em local estratégico é Ramon Suarez, que saiu de Limeira, no interior de São Paulo. Desde 2012 ele mantém uma casa de eventos e restaurante no Largo de São Frei Pedro Gonçalves e, em parte destes seis anos, manteve o restaurante funcionando durante o período do pôr do sol.
“Atualmente não estamos com o restaurante aberto diariamente neste período, mas sempre que tem eventos neste horário, a casa abre normalmente e, tanto do terraço quanto do palco, dá pra ver o pôr do sol”, comenta.
Pôr do sol a partir de casarão no Largo de São Frei Pedro Gonçalves (Foto: Facebook/restauranteviladoporto)
 Pôr do sol a partir de casarão no Largo de São Frei Pedro Gonçalves - (Foto: Facebook/restauranteviladoporto)
Segundo o sociólogo Tadeu de Brito, cuja dissertação de mestrado foi sobre o Centro Histórico de João Pessoa, a relação entre a região, o pôr do sol e a cultura sempre foi interligada desde a fundação do município.
“A cidade começou o seu processo de ocupação colonial olhando para esse pôr do sol, que é partilhado por muitas casas, sejam casas de arte ou de moradores. Como a cidade começou ali, às margens do Sanhauá, e cresceu em direção à praia, naturalmente os primórdios das manifestações culturais foram nesta região e permanecem até hoje. Passam as gerações, mas desde o século passado a gente tem pessoas alimentando a arte lá”, explica.
Pôr do Sol a partir da Ladeira da Borborema, em João Pessoa (Foto: Rafael Passos/Arquivo pessoal)
Pôr do Sol a partir da Ladeira da Borborema, em João Pessoa - (Foto: Rafael Passos/Arquivo pessoal)
Além de pesquisador, Tadeu também é proprietário de uma residência localizada na Ladeira da Borborema, de onde também é possível ver o pôr do sol a partir do quintal. A casa é ocupada por estabelecimentos comerciais que funcionam periodicamente.
“Já funcionou uma doceria, uma casa de shows e atualmente é um café. Mas o foco principal do lugar é ser um espaço agradável para receber os visitantes e também para divulgar a arte, seja o teatro, a música, a literatura. Queremos despertar os sentidos das pessoas na casa”, comenta Tadeu.
Pôr do sol com show na Casa da Pólvora, em João Pessoa (Foto: Funjope/Divulgação)
Pôr do sol com show na Casa da Pólvora, em João Pessoa - (Foto: Funjope/Divulgação)
Além dos espaços particulares, o Centro Histórico de João Pessoa também reserva pontos públicos onde é possível apreciar o pôr do sol com eventos culturais gratuitos. Os espaços também reservam uma carga histórica com o município.
A Casa da Pólvora fica na Ladeira de São Francisco, a primeira da cidade, e é um dos principais patrimônios arqueológicos do município. Após vários anos sem ocupação, ela passou por uma reforma, que foi concluída em 2016.
No ano seguinte, a Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) implantou o projeto Pólvora Cultural, que faz parte do programa Anima Centro, visando a revitalização do Centro Histórico do município.
“O programa ocupa permanentemente os espaços revitalizados com atividades culturais, integrando assim projetos antigos com os novos. O Pólvora Cultural surgiu a partir do pôr do sol que havia no antigo Bar da Pólvora, na década de 1980, que era nas terças-feiras. Nesse modelo novo, o evento acontece aos domingos, sempre trazendo uma atração nova para se apresentar no palco montado ao lado da Casa”, explica o diretor de ação cultural da Funjope Sandoval Nóbrega.
Projeto Pôr do Sol no Hotel Globo acontece no Centro Histórico de João Pessoa (Foto: Gilberto Firmino/Secom-JP/Arquivo)
Projeto Pôr do Sol no Hotel Globo acontece no Centro Histórico de João Pessoa - (Foto: Gilberto Firmino/Secom-JP/Arquivo)
O Pôr do Sol no Hotel Globo também faz parte do programa Anima Centro, desde 2017, e o prédio foi outro que passou por reforma após parte do terreno ceder por causa das chuvas em 2013. O edifício fica no Largo de São Frei Pedro Gonçalves e é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba desde 1978.
“Neste projeto, que acontece sempre nas sextas-feiras, o estilo das bandas convidadas para se apresentar durante o ocaso é prioritariamente instrumental, mas também há espaço para repertórios de MPB e de bandas acústicas”, comenta Sandoval.
A proposta do evento, segundo o diretor da Funjope, é democratizar o acesso do povo à cultura local, especialmente a música, e também de fomentar a atividade turística, a ocupação de espaços públicos e a geração de renda para os artistas.
G1 PB

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