Eleições deste ano terão recorde histórico do número de partidos políticos
As
eleições deste ano terão um recorde histórico do número de partidos
políticos: nada menos do que 35, entre velhos conhecidos e novatos.
Como
explica a Folha de S. Paulo, em 1983, o Congresso estava dividido em
cinco legendas. O PMDB e o PDS, que eram herdeiros do sistema
bipartidário da ditadura, em que havia apenas o oposicionista MDB e o
governista Arena. Já à esquerda, existiam apenas o PT, PDT e PTB
Após
desmembramentos e fusões, essas siglas formaram a base das grandes
legendas que comandaram o país durante os anos 1990 e começo dos 2000.
Agora, uma grande quantidade de nanicos está invadindo a política. Estes
novos partidos de centro, por não se identificarem com direita nem
esquerda, negociam apoio com quem estiver no comando.
Para o
professor de ciências políticas da Universidade Federal do Paraná (UFPR)
e coordenador do Laboratório dos Partidos Políticos e Sistemas
Partidário, Bruno Bolognesi, o cenário atual é uma confusão de siglas.
Bolognesi
explica a construção do centro usando o PRN como exemplo. Criado para a
candidatura de Fernando Collor, em 1989, o partido recebeu, em curto
período, vários políticos que migraram de outros partidos, sendo o
precursor de uma tendência: união de partidos pequenos, sem ideologia ou
projetos, criados de forma oportunista para fazer parte do poder,
agrupados em torno de um nome forte.
Com o impeachment de Collor,
em 1992, o partido encolheu e passou a se chamar PTC. Hoje, não conta
com deputados federais eleitos.
Esse tipo de articulação era favorecida por uma lei que não impunha barreiras à migração partidária.
Em
2007, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que as cadeiras
pertencem ao partido, e não aos políticos. Ou seja, se um deputado
eleito trocar de sigla, poderia perder seu mandato, e outro candidato do
mesmo partido assumiria.
No entanto, a regra tem uma brecha que
permite trocas de partidos quando uma nova legenda é criada. Isto fez
com que muitas novas legendas surgissem. De acordo com o especialista, o
fenômeno se explica por conta da política brasileira ser personalista,
ou seja, centrada em torno de pessoas, e não de ideias.
O sistema
de coligações também é um incentivo, já que permite que partidos menores
se unam aos maiores durante o período eleitoral, somando forças como
tempo de TV e fundo para financiamento.
A partir das eleições
deste ano, partidos vão precisar ter um desempenho mínimo nas urnas, de
1,5% do total de votos, ou ter pelo menos um deputado eleito em nove
estados diferentes para ter acesso a tempo na TV e a recursos do fundo
partidário. Isto quer dizer que eles não serão impedidos de concorrer,
mas não poderão usar a máquina pública.
Nas eleições seguintes,
políticos devem mudar de partido para terem acesso a mais recursos. Em
2020, também serão barradas as coligações em eleições ao Legislativo.
Na
opinião de Bolognesi, o mecanismo tem prós e contras, mas compensa. Ao
mesmo tempo que proíbe partidos minoritários e bem intencionados de
participarem do Legislativo, barra oportunistas.
Notícias ao Minuto

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