Tire a conta da mesa.... Porque hoje é Dia do Pendura!
Todo dia 11 de agosto é dia de festa
para os acadêmicos dos mais de mil cursos de Direito do Brasil. Isso
porque é nessa data que se comemora a criação dos Cursos Jurídicos no
país (por Dom Pedro I em 1827) e, por conseqüência, o Dia do Advogado.
Então, é nesse dia que os estudantes de Direito resolvem comemorar em
grande estilo, relembrando uma tradição de mais de 170 anos e que é uma
dor de cabeça para os donos de bares e restaurantes brasileiros.
Trata-se do Dia do Pendura, a tal
comemoração dos estudantes. Segundo a tradição, no dia 11 de agosto, em
respeito à profissão do advogado (que possuía muita notoriedade na época
do Primeiro Império – 1822-1831), os proprietários de estabelecimentos
alimentícios convidavam os advogados e acadêmicos de Direito para
comemorar a data em seus bares e restaurantes, tudo, é claro, por conta
da casa.
Assim, os advogados e aspirantes a tal
comiam e bebiam por cortesia e, ao final do banquete, discursavam para
os presentes no estabelecimento, em retribuição ao convite e à
“homenagem” (é claro que, na época, tais discursos eram uma honra para
os proprietários dos bares).
Com o passar dos anos e a proliferação
dos cursos de Direito no Brasil, o Pendura foi ficando insustentável. Os
convites dos proprietários para o 11 de agosto gratuito foram acabando
e, desta forma, os estudantes começaram a se “auto-convidar”. Todo 11 de
agosto então, estudantes de Direito de todo o país invadem bares e
restaurantes, comem, bebem, fazem festa e saem livremente sem pagar, sob
a desculpa de comemorar o seu dia.
Alguns donos de bares e restaurantes se
recusam a aceitar o calote e chegam a chamar a polícia (o que quase
sempre termina em acordo entre estudantes e proprietários). Outros
oferecem descontos aos futuros advogados, a fim de evitar um prejuízo
maior. Há ainda um tipo de “pendura social”, onde o valor da conta dos
estudantes (ou parte dele) é doado a instituições beneficentes. É claro
que, neste último caso, os estudantes pagam a conta.
Muitos estabelecimentos amanhecem e
anoitecem fechados no 11 de agosto, preferindo perder um dia de lucro a
ter um dia de prejuízo. Uma tradição que ainda hoje é mantida pelos
estudantes é a de não estender o calote aos garçons: os 10% devem ser
pagos. Alguns profissionais e ordens da classe do Brasil são contra o
Pendura, alegando ir contra o papel do advogado na sociedade e ser uma
ofensa à ética da profissão.
É claro que, mais de um século depois de
sua criação, o Pendura sofreu atualizações. Uma delas é praticamente a
extinção dos discursos de “homenagem”. Em seu lugar, os estudantes
adotaram hinos e músicas irônicas, como:
“Garçom, tire a conta da mesa e ponha um sorriso no rosto. Seria muita avareza cobrar do 11 de agosto”.
Por Camila Mitye - UOL
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