Polícia Federal faz operação contra desvio de recursos para merenda escolar
Foto: Radar Litoral |
A
Polícia Federal faz operação na manhã desta quarta-feira (9), em
parceria com a Controladoria Geral da União, para desarticular cinco
grupos criminosos suspeitos de desviar recursos da União destinados à
merenda em municípios dos estados de São Paulo, Paraná, Bahia e Distrito
Federal. Há indícios de envolvimento de 13 prefeitos e 4 ex-prefeitos
na operação nomeada como Prato Feito.
A investigação identificou 65 contratos suspeitos que ultrapassam R$ 1,6 bilhão.
São
cumpridos 154 mandados de busca e apreensão, além de afastamentos
preventivos de agentes públicos e decisões de suspensão de contratação
com o poder público referentes a 29 empresas e seus sócios. Todas as
medidas foram expedidas, a pedido da PF, pela 1ª Vara Criminal Federal
de São Paulo e pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
A
investigação começou após comunicação do Tribunal de Contas da União,
que identificou desvios em licitações relacionadas à merenda. Diversas
empresas que já foram investigadas pelo Ministério Público no âmbito da
chamada “Máfia da Merenda” são citadas na operação desta quarta.
Segundo
a PF, os grupos criminosos agiriam em ao menos 30 municípios,
contatando prefeituras por meio de lobistas, para direcionar licitações
de fornecimento de recursos federais para a educação destinados ao
fornecimento de merenda escolar, uniformes, material didático e outros
serviços.
No
total, há indícios do envolvimento de 85 pessoas: além dos prefeitos e
ex-prefeitos, 1 vereador, 27 agentes públicos não eleitos e outras 40
pessoas da iniciativa privada.
Os
investigados devem responder pelos crimes de fraude a licitações,
associação criminosa, corrupção ativa e corrupção passiva, com penas que
variam de 1 a 12 anos de prisão.
Alvos
A
TV Globo registrou policiais do Grupo de Pronta Intervenção, grupo
tático da PF, na casa do prefeito de Embu das Artes, na Grande São
Paulo, Ney Santos (PRB).
Desde
antes de assumir o cargo, em dezembro de 2016, o prefeito Ney enfrenta
uma investigação por envolvimento com o crime organizado e o tráfico de
drogas. Ele chegou a pedir afastamento temporário do cargo, mas uma
decisão favorável do Supremo Tribunal Federal (STF), manteve um habeas
corpus concedido a ele. Em abril deste ano, a Justiça Eleitoral o
declarou inelegível por oito anos.
O
advogado Humberto Sabretti, defensor do prefeito Ney Santos, afirmou
que a defesa não teve acesso aos autos do processo e não sabe informar
sobre o que se trata, já que as investigações estão sob sigilo. Ele
também informou que o prefeito de Embu das Artes não está na casa que
está sendo alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal, já que está
em processo de separação da esposa e ficando em um imóvel em São Paulo.
Cinco
mandados de busca e apreensão por suspeita de desvio de verbas foram
cumpridos na casa do prefeito de Laranjal Paulista (SP), Alcides de
Moura Campos Júnior (PTB) e do irmão dele, José Francisco de Moura
Campos.
A
Polícia Federal também faz buscas na Prefeitura de Laranjal Paulista e
esteve também na casa do secretário de Esportes e Lazer, Alziro
Cesarino.
O G1 entrou
em contato com as prefeituras de Águas de Lindoia, São Sebastião ,
Monte Mor, Mauá, São Paulo, São Bernardo do Campo, Guarulhos, Barueri,
Embu das Artes, Jaguariúna, Laranjal Paulista, Itaquauqecetuba,
Mairinque, Sorocaba, Votorantim, Várzea Paulista, Tietê, Cosmópolis,
Tietê, Araras, Caconde, Leme e Pirassununga, e aguarda um
posicionamento.
O Tribunal Regional Federal da 3ª Região não autorizou prisões pedidas pela Polícia Federal.
Investigação
As
investigações tiveram início em 1999 após apresentação de crime em
processos licitatórios de fornecimento de merenda escolar em diversos
municípios paulistas pelo Tribunal de Contas da União.
Segundo
a Polícia Federal, um grupo de empresas se reuniu e montou um esquema
ilegal de divisão de diversos municípios no Estado de São Paulo, em que
forneceriam insumos ou merendas prontas.
De
acordo com as investigações, prefeitos e secretários da Educação eram
procurados em épocas de campanhas eleitorais com propostas de
financiamento em troca da terceirização da merenda escolar. Após a
terceirização, as empresas que formaram um cartel estipulavam valores
dos lances e quem venceria cada licitação.
Para
garantir que outras empresas do ramo não vencessem as licitações, por
meio de pagamento de propinas, editais eram elaborados com inclusão de
cláusulas restritivas que as beneficiavam e direcionavam o certame. Na
contratação das empresas também eram formalizados vários aditamentos sem
amparo legal, como forma de garantir lucro às contratadas.
Segundo
levantamento do TCU, a empresa cujo administradores possuem vínculos
com uma das empresas envolvidas na “Máfia das Merenda” tem atuado em 14
municípios paulistas, incluindo a cidade de São Paulo.
Foi
identificado que em torno de uma das empresas havia um grupo de várias
empresas, colocadas em nome de terceiros, que atuavam no setor público,
cuja análise apontou vários indícios de fraudes em procedimentos
licitatórios para gerar contratos superfaturados e desviar recursos
públicos em benefício próprio e de terceiros.
G1
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