Dono de construtora diz à Polícia Federal que repassou R$ 35 milhões a Aécio Neves
De acordo com um dos donos da construtora Andrade Gutierrez, a transferência foi realizada por meio de empresa de amigo do senador tucano.
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O senador disse que as doações das empresas foram declaradas à Justiça Eleitoral - (Foto: Reprodução) |
Sérgio Andrade, um dos donos da construtora Andrade
Gutierrez, disse nesta semana em depoimento à Polícia Federal que
repassou R$ 35 milhões ao senador Aécio Neves.
De acordo com informações do jornal "O Globo", o empresário afirmou
que o contrato firmado em 2010 entre a construtora e uma empresa de um
amigo de Aécio tinha como objetivo a transferência do dinheiro para o
senador.
Sérgio foi ouvido durante o inquérito que apura se Aécio recebeu
propina das construtoras Andrade Gutierrez e Odebrecht para beneficar as
empresas na construção da usina de Santo Antonio, no Rio Madeira, em
Rondônia.
Poderão ser chamados a depor, outros executivos da empresa Andrade Gutierrez.
O senador Aécio Neves disse que as doações da Andrade Gutiérrez e da
Odebrecht, foram declaradas à Justiça Eleitoral e que ele não teve
participação no leilão e nas obras da usina de Santo Antônio.
Segundo as investigações, as empresas sabiam que existia um pedido de propina para Aécio Neves relacionado a essa obra.
Ainda no depoimento, Sérgio Andrade disse que o ex-presidente da
Odebrecht, Marcelo Odebrecht avisou a ele que Aécio o procuraria para
confirmar os pagamentos. E que Aécio realmente entrou em contato.
De acordo com o depoimento, os pagamentos ao senador foram feitos com
base em um contrato fraudulento de R$ 35 milhões assinado em 2010 com a
empresa de Alexandre Accioly, amigo de Aécio.
Accioly disse que a Andrade Gutierrez tem participação minoritária em
sua empresa, que, segundo afirmou, jamais distribuiu dividendos porque
os resultados continuam sendo investidos na companhia.
A Andrade Gutierrez não quis comentar sob o argumento de que a
investigação está sob sigilo. A Odebrecht disse que já reconheceu seus
erros e que está colaborando com a Justiça.
Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal transformou Aécio Neves em
réu por corrupção passiva e obstrução de Justiça. Ele foi acusado em
denúncia da Procuradoria Geral da República de pedir propina de R$ 2
milhões ao empresário Joesley Batista, dono da J&F, em troca de
favores políticos e de tentar atrapalhar o andamento da Operação Lava
Jato.
O empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, também
prestou depoimento nesta semana e disse ter repassado R$ 110 milhões ao
senador tucano em 2014 como forma de garantir o apoio dele no futuro.
O pagamento teria sido dividido entre os partidos que apoiavam o
candidato na campanha eleitoral. Joesley Batista entregou aos
investigadores uma planilha com uma relação das doações e também notas
fiscais e recibos para comprovar os pagamentos.
Ele detalhou como foram feitos os repasses, que no total somaram R$ 110 milhões:
Joesley Batista disse que os valores pagos a PTB, Solidariedade e
candidatos diversos eram para comprar o apoio político à campanha
presidencial de Aécio Neves.
O empresário contou ainda que mesmo após o acerto dos R$ 110 milhões
foi procurado novamente por Aécio, que pediu mais R$ 18 milhões – a
eleição já tinha acabado.
Segundo Joesley Batista, Aécio precisava do dinheiro para cobrir
dívidas de campanha. Para mascarar a transação, eles discutiram, de
acordo com o empresário, a compra de um prédio em Belo Horizonte.
Sobre o depoimento de Joesley Batista, Aécio Neves diz que o
empresário tenta confundir a Justiça e a opinião pública para evitar que
o Supremo Tribunal Federal analise a rescisão do acordo de delação do
empresário; que os R$ 110 milhões citados pelo empresário são doações
oficiais registradas na Justiça Eleitoral feitas ao PSDB e outros 12
partidos.
Aécio diz ainda que a compra de um prédio é uma afirmação falsa de
Joesley Batista, que, segundo afirmou, será facilmente demonstrada na
Justiça.
A defesa do atual presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, disse que cabe
a Aécio Neves, presidente da legenda em 2014, esclarecer os repasses ao
partido citados por Joesley Batista e que cabe à Justiça julgar os
fatos.
Em nota, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, afirmou que as
doações recebidas da JBS foram indicadas por Aécio Neves e declaradas à
Justiça Eleitoral.
O Solidariedade diz que não recebeu recurso ilegal e não declarado.
ClickPB com G1
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