Gilmar Mendes vota a favor de habeas a Lula e empata votação no Supremo Tribunal Federal
Ministro mudou entendimento de julgamento anterior e deu voto pela concessão do HC ao ex-presidente; antes, ministro Fachin havia negado pedido
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| Gilmar Mendes. Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino |
O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes votou pela concessão de habeas corpus preventivo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista apela contra prisão após confirmação, em segunda instância, de sua pena de 12 anos e 1 mês no caso triplex.
Durante seu voto,
Gilmar disse ter mudado de entendimento a respeito da execução de penas
após segunda instância. Em julgamento que terminou com o placar de 6 a
5, em outubro de 2016, quando foi firmada a histórica decisão que
permitiu prisões após decisões de segundo grau, ele foi favorável.
“Não é porque há agora tem amigos dele que estão sendo
atingidos. Coisa nenhuma! Não opero com esses critérios. Não existe
isso. Demagogia barata, populismo vulgar. Todos sabem dessa minha
capacidade de enfrentamento. De mudar de posição de maneira clara. De
dizer nos olhos por que estou mudando. Aqui é notório que era preciso
fazer uma revisão, porque estamos cometendo injustiças aos borbotões e
estamos fortalecendo um estamento que não há mais contraste”, afirmou.
Gilmar ainda disse que, nos casos que envolvem a Operação
Lava Jato, ‘a prisão em segunda instância é uma balela, porque na
maioria dos casos ela começa com ela começa em primeiro grau como prisão
provisória’. “Nós mesmos temos habeas corpus para julgar de pessoas que
estão presas há dois anos provisoriamente, e espero que julguemos daqui
a pouco”.
“Depois, vem a decisão confirmatória à sentença. Mantém-se
preso. Depois, vem a decisão de primeira instância e agora já é decisão
definitiva. quem não sabe ler sobre as estrelas, sabe que estamos
empoderando um estamento que já não tem mais limites no seu poder. E
debilitando de maneira drástica a Corte Suprema. A esvaziando. É isso
que nós queremos?”, afirmou.
Assim como o relator, Fachin, o ministro Gilmar Mendes citou
casos que envolvem Direitos Humanos, mas frisando supostos abusos da
Justiça de primeiro grau. Ele evocou mutirões do Conselho Nacional de
Justiça dos quais participou para avaliar a situação de presos
preventivos em todo o País.
Gilmar afirmou que foram soltas ’22 mil pessoas e eram de
réus pobres, não eram de bandidos internacionais’. “Pessoas que ficaram
pobres, e ficaram pobres e presas, não se eram pretos, putas, mas
ficaram presas a 12 anos , 14 anos provisoriamente”
“Eu não aceito o discurso de que estou preocupado com este
ou aquele. É indigno para mim. Porque eu fui a Bangu, Pedrinhas, eu fiz
isso pelo Brasil todo. Não fiz por demagogia, isso teve resultado. E
encontrávamos pessoas presas naqueles calabouços, como em fortalezas, há
14 anos, provisoriamente”, ressaltou.
Gilmar ainda completou. “Falo isso com quem lida com
autoridade nesse tema na acepção dos direitos humanos, e não com
populismo, demagogia, com a vontade de satisfazer essa onda de demagogia
que está por aí. Conheço esse sistema, mas eu não conheço do lado da
advocacia criminal dos ricos. Eu conheço daqueles que não têm
advogados”.
Estadão

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