João Doria deixa Prefeitura de São Paulo nesta sexta-feira após 15 meses à frente do cargo
O
prefeito João Doria (PSDB) deixou a Prefeitura da capital paulista na
tarde desta sexta-feira (6), após um ano e três meses à frente do cargo
em cerimônia na sede da administração municipal, no Centro. Ele deixou o
cargo para poder disputar candidatura pelo governo do estado de São
Paulo nas eleições de outubro.
Seu
vice, Bruno Covas (PSDB), assume o posto e, com ele, a herança de
promessas feitas por Doria durante a campanha. Em seu primeiro ano de
governo, Doria cumpriu 12 das 80 promessas.
Além
de iniciar as pendências deixadas pelo seu antecessor, Covas terá de
lidar com projetos difíceis e polêmicos iniciados na antiga gestão
tucana, como o fechamento de mais de 100 AMAs, o pacote de mais de 50
lotes de privatizações, a reforma da Previdência municipal, concessões
de limpeza urbana, transportes e iluminação pública.
Durante
a cerimônia na tarde desta quinta, manifestantes protestaram em frente à
Prefeitura contra Doria, usando um boneco do personagem Pinocchio. Eles
também levaram cartaz com a frase “Mentiu pra todos. Tenha Dó…Ria”.
Bandeira da gestão e desgate
Doria
iniciou o mandato assumindo como bandeira a zeladoria, mas enfrentou
críticas pela diminuição de ações da prefeitura. Ele enfrentou desgaste
também com o excesso de viagens para fora da cidade ao tentar alavancar
uma pré-campanha presidencial, e viu sua popularidade cair. Já em 2018,
viu sua gestão envolvida num escândalo de propina dentro do Ilume, que
resultou na demissão da diretora do órgão, Denise Abreu.
Outros
dois membros da Prefeitura deixaram os cargos nesta sexta: o chefe de
gabinete de Doria, Wilson Pedroso, e o secretário das Prefeituras
Regionais, Cláudio Carvalho. Os dois devem participar da campanha
eleitoral de Doria ao Palácio dos Bandeirantes.
Covas também ocupava o cargo de secretário da Casa Civil, que fica vago.
Promessa descumprida
Em
2016, durante a campanha para assumir a chefia do Executivo municipal,
Doria garantiu, em entrevista no dia 21 de setembro de 2016, que se
fosse eleito, cumpriria “todo o mandato”. “Serei prefeito por quatro
anos e sem reeleição”, disse Doria à época.
Em
março deste ano, contudo, registrou sua pré-candidatura ao governo do
estado. Na sequência, tentou garantir proteção policial a
ex-prefeitos por meio de um decreto – que acabou sendo revogado -,
concorreu com correligionários e foi definido como pré-candidato ao
governo com 79,62% dos votos do PSDB.
Em
seu discurso no partido, ele alegou que “São Paulo não perde um gestor,
São Paulo ganha dois gestores”, e argumenta que ele fará “uma gestão
compartilhada com a prefeitura, assim como temos feito com o governador
Geraldo Alckmin (PSDB)”.
A
decisão de apoiar a candidatura de Doria enfrentou resistência dentro
do próprio partido, principalmente de membros mais antigos da sigla. Um
dos principais críticos foi ex-senador José Aníbal, para quem os tucanos
erravam ao praticar o que chamou de “recall do prefeito”.
“O
partido está errando, a direção partidária está atropelando,
desrespeitou normas regimentais, é um processo por rolo compressor. É um
pressuposto de que o recall do prefeito é o melhor recall entre os
pré-candidatos e isso o qualifica para ser candidato a governador. Pelo
contrário, o prefeito sai da prefeitura e sai muito criticado pela
população de São Paulo, que confiou nele, que acreditou na palavra dele.
Ele não tem palavra, ele não cumpre, ele disse que ia ficar, mas mais
grave que isso, o que ele disse que ia fazer, ele não fez. Ele sujou a
ideia do gestor, ele é um mau gestor, ele é um político carreirista”,
disse Aníbal.
G1
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