Ministro Gilmar Mendes diz que Ministério Público e juízes ameaçam a democracia

Do Conjur
“A
maior ameaça à democracia no Brasil não vem das Forças Armadas, e sim
de corporações, como a polícia, o Ministério Público e agrupamentos de
juízes”, afirmou o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. A
declaração foi dada no programa Frente a Frente, da Rede Vida.
O ministro disse que “não foi positivo” o efeito das declarações do
comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, e de outros generais na
véspera do julgamento pelo STF do pedido de Habeas Corpus preventivo do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na ocasião, militares
criticaram a impunidade, em manifestações que foram interpretadas como
uma ameaça aos ministros.
Porém, Gilmar Mendes apontou que as falas não significam que as
Forças Armadas têm desapreço pela democracia. A seu ver, elas
contribuíram para a construção na nova república, após a Constituição de
1988. A ameaça agora são “grupamentos de corporações”, avaliou o
magistrado.
“O Estado Democrático de Direito tem uma fórmula muito simples: todos
estão submetidos à lei. Quando se começa a transformar a lei para o ‘eu
acho que’, para se traduzir o sentimento social, a gente rompe com
esses critérios. Em alguns momentos, a ameaça à democracia pode vir do
Ministério Público”, exemplificou.
Segundo Gilmar, práticas abusivas da operação “lava jato”, como
prisões provisórias alongadas sem justificativa ou detenções para forçar
delações premiadas criam um efeito negativo no sistema.
“Isso passa a ter um efeito lá embaixo, em todos os locais. Tanto é
que agora você tem o ‘Moro do Rio de Janeiro’, o ‘Moro do Pantanal’, o
‘Moro do não sei o diabo’. Vai ter Moro assim, né?”, destacou, referindo
ao juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.
Além disso, o ministro questionou o discurso moralista daqueles que
atuam na “lava jato”. Ele citou que o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara
Federal Criminal do Rio, e sua mulher recebem dois auxílios-moradia,
mesmo morando juntos e tendo imóvel próprio — o que torna o benefício
ilegal. E ressaltou que o episódio de Marcelo Miller, ex-procurador da
República que é acusado de ter defendido a JBS enquanto ainda estava no
Ministério Público Federal, mostra que há corrupção na operação.
Brasil 247
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