Juiz Sérgio Moro decide manter condução de processo do sítio de Atibaia
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BRASÍLIA (Reuters) - AP Photo/Andre Penner
O juiz federal Sérgio Moro decidiu nesta
quinta-feira manter a condução do processo a que o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva é réu no caso referente à reforma do sítio de
Atibaia (SP), após pedido feito na véspera pela defesa do petista ao
magistrado que pretendia transferir para São Paulo essa ação e outra,
que trata da suposta compra de um terreno para o Instituto Lula.
Os advogados do ex-presidente alegam que os casos não têm ligação
direta com o desvio de recursos da Petrobras, motivo que atrai a
competência de Moro, responsável pela operação Lava Jato em Curitiba
(PR). Houve também pedido de nulidade dos dois processos, por terem
sido, na visão da defesa, julgados por juiz que não seria competente do
ponto de vista legal.
A defesa de Lula usou como base a decisão tomada na terça-feira pela
2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou a retirada de
trechos da delações de executivos da Odebrecht dos processos referentes
ao sítio e ao terreno para o instituto.
Em sua decisão, Moro afirmou que o voto do ministro Dias Toffoli, que
deu a primeira manifestação na 2ª Turma a favor da retirada da
colaboração da Odebrecht das mãos de Moro, não fazia qualquer menção ao
processo do sítio nem tampouco "alguma determinação expressa de declínio
de competência desta ação penal".
O juiz citou que Toffoli foi enfático ao afirmar em seu voto que a
decisão tinha caráter provisório e se baseava apenas nos elementos
trazidos no recurso julgado pelo Supremo. Moro disse que houve
"precipitação" das partes porque ainda não ocorreu a publicação do
acórdão da decisão - resumo do julgamento - da 2ª Turma, "sendo
necessária a medida para avaliar a extensão do julgado do colegiado".
"Oportuno lembrar que a presente investigação penal iniciou-se muito
antes da disponibilização a este Juízo dos termos de depoimentos dos
executivos da Odebrecht em acordos de colaboração, que ela tem por base
outras provas além dos referidos depoimentos, apenas posteriormente
incorporados, e envolve também outros fatos, como as reformas no mesmo
sítio supostamente custeadas pelo Grupo OAS e por José Carlos Costa
Marques Bumlai", destacou Moro, no despacho.
O juiz disse ainda que o pedido de declínio de competência não deve
ser apresentado no corpo do processo, mas sim como outro questionamento -
a chamada exceção de incompetência. A defesa de Lula, citou ele, já
apresentou esse pedido, que ainda está pendente de julgamento.
Moro ainda não tomou uma decisão sobre o eventual envio do processo do Instituto Lula para a Justiça Federal paulista.
Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, que representa Lula,
afirmou que a decisão mostra que o juiz de primeiro grau pretende "abrir
um incidente processual para decidir se o Supremo agiu corretamente, o
que é incompatível com a hierarquia judiciária".

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