Raquel Dodge volta a pedir que Supremo Tribunal Federal aceite denúncia contra Aécio Neves
Senador está sendo acusado pelos crimes de corrupção passiva e obstrução de Justiça, com base na delação da JBS
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, voltou a pedir que o Supremo Tribunal Federal (STF) receba integralmente a denúncia contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e outras três pessoas. O posicionamento da Procuradoria-Geral da República (PGR) consta em um memorial enviado aos ministros da Corte nesta segunda-feira, 16.
A primeira Turma do Supremo, composta pelos ministros Alexandre de
Moraes, Marco Aurélio Mello, Luiz Fux, Rosa Weber e Luís Roberto
Barroso, julga nesta terça-feira, 17, se recebe a denúncia oferecida
pela PGR contra o senador pelos supostos crimes de corrupção passiva e
obstrução de Justiça, instaurado em maio de 2017, com base na delação da
JBS.
O relator do inquérito é Marco Aurélio Mello e a defesa do senador
tem a expectativa de que a denúncia seja rejeitada pela Corte. Aécio
aparece em uma gravação em que pede R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS e em e áudios e vídeos coligidos em ações controladas autorizadas pelo STF”, escreve Raquel.
A defesa alega que o acordo de colaboração premiada firmado entre a
PGR e os executivos da JBS ou reinterpretar os fatos provados (dizendo,
por exemplo, que os 2 milhões recebidos consistiam em empréstimo, e não
em vantagem indevida).” E prossegue: “Percebe-se claramente que a defesa
usa argumentos inconsistentes para introduzir conclusão equivocada, que
lhe beneficia”.
Raquel ainda afirma, com base nas interceptações telefônicas, que as
articulações feitas pelo senador “mostram que sua conduta incluiu todas
as formas que estavam ao seu alcance para livrar a si mesmo e a seus
colegas das investigações, desbordando de seu legítimo exercício da
atividade parlamentar”. “Ao contrário, o senador não poupou esforços
para, valendo-se do cargo público, atingir seus objetivos.”
Defesa
Em um artigo publicado hoje no jornal Folha de S.Paulo, o senador diz
que no País todos os políticos são considerados, de antemão, culpados.
No texto, Aécio diz que em 2017 precisou contratar advogados, então sua
mãe colocou um apartamento à venda porque ele não possuía os recursos
necessários. Sua irmã ofereceu o imóvel a alguns empresários, incluindo
Joesley Batista.
O senador mineiro diz ainda que a PF recuperou um telefonema, não
citado pelo delator, em que fica claro o objetivo do contato feito, que
era a venda do imóvel. E diz estar arrependido de ter usado, “numa
conversa criminosamente gravada e induzida por Joesley”, vocabulário
inadequado e fazer “brincadeiras injustificáveis e de mau gosto”, das
quais afirma estar arrependido profundamente. “Fui ingênuo, cometi erros
e me penitencio diariamente por eles, mas não cometi nenhuma
ilegalidade”, argumenta Aécio.
A reportagem entrou em contato com a defesa do senador, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
Exame - Por Estadão Conteúdo
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