“A democracia não está em risco no Brasil”, diz o juiz federal Sérgio Moro nos EUA
Segundo Moro, investigações sob sua responsabilidade e de outros magistrados revelaram fatos "vergonhosos", mas sua punição deve ser motivo de orgulho
Sérgio Moro: "A exposição e a punição da corrupção pública é uma honra para uma nação, não uma desgraça - (Nacho Doce/Reuters) |
Cambridge (EUA) – “Deixa eu dizer
alto e claro: a democracia não está em risco no Brasil”, disse nesta
segunda-feira, 16, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela condenação à prisão do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato.
Segundo Moro, as investigações de corrupção sob sua responsabilidade e
de outros magistrados revelaram fatos “vergonhosos”, mas sua punição,
afirma, deve ser motivo de orgulho para o país.
Em palestra na Escola de Direito da Universidade de Harvard, nos
Estados Unidos, Moro mencionou trecho de discurso feito em 1903 pelo
ex-presidente dos EUA Theodore Roosevelt (1858-1919) para reforçar sua
posição: “A exposição e a punição da corrupção pública é uma honra para
uma nação, não uma desgraça. A vergonha está na tolerância, não na
correção”.
Em julho, Moro condenou Lula a 9 anos e 6 meses por corrupção e
lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá. Em janeiro, o
Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) confirmou a condenação e
elevou a pena a 12 anos e 1 mês. Lula foi preso por determinação de
Moro no dia 5, depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) negar pedido
de habeas corpus preventivo apresentado por seus advogados.
Aliados do ex-presidente sustentam que o julgamento teve motivações
políticas e representam uma ameaça ao sistema democrático. Para eles,
não há provas para a condenação do ex-presidente e a proibição de sua
participação na eleição representa um golpe. Lula pode ser enquadrado na
Lei da Ficha Limpa, que proíbe o registro de candidatos que tenham sido
condenados criminalmente em segunda instância.
Exame - Por Cláudia Trevisan, enviada especial do Estadão Conteúdo
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