Assédio contra as mulheres aumenta nas festas carnavalescas de 2018
Foto Ilustrativa |
As
mulheres são consideradas um dos públicos mais vulneráveis nas festas
carnavalescas. Isto porque podem sofrer uma série de constrangimentos e
muitas vezes não denunciam por considerar que práticas como puxões de
cabelo e beijos forçados são comuns nesta época do ano. Algumas sofrem
violência e não procuram a delegacia por medo ou vergonha.
“Infelizmente
tem mulheres que passam por essa situação, mas por vergonha ou medo
terminam não denunciando na delegacia”, lamentou a subcoordenadora das
Delegacias da Mulher da Paraíba, Renata Matias, em entrevista ao Portal MaisPB. Ela acrescenta que os casos ocorrem, porém os fatos não são formalizados nem chegam ao conhecimento da Polícia.
Em
vários estados brasileiros, inclusive na Paraíba, foi criado o alerta
“Não é não”. A coordenadora das Delegacias da Mulher, Maísa Felix,
explica que a iniciativa tem o objetivo de conscientizar que o “não” da
mulher deve ser respeitado. Ou seja, a partir do momento que ela se
negar a fazer algo, a outra parte deve aceitar e deixá-la livre, sem
forçar nenhuma aproximação.
“Nesse período de folia tem pessoas
que acham que tudo pode, que tudo é permitido e a gente bate nessa tecla
que não é bem assim. O ‘não’ e o corpo da mulher têm que ser
respeitados. Se ela não quer, a decisão dela tem que ser entendida. Isso
tem que ficar claro”, acrescenta a coordenadora.
A campanha é
composta de atividades de divulgação organizadas pela Secretaria da
Mulher entre os blocos carnavalescos para ensinar como as mulheres podem
procurar ajuda em caso de violência no Carnaval. As informações são
dadas através das redes sociais, como o Facebook.
As postagens são
voltadas a toda a população, não apenas aos homens, porque quem estiver
por perto na folia e enxergar o perigo pode alertar as autoridades e
até compartilhar a informação na internet ou conversando entre amigos.
Significa um movimento de alerta sobre quais práticas são realmente
violentas.
No entanto, a secretária das Políticas públicas para as
mulheres da Paraíba, Gilberta Soares acrescenta que apesar das
conscientizações e do aumento do numero de delegacias especializadas
ainda é percebido que os crimes persistem. A secretária afirmou que
apesar das dificuldades, as pessoas tem aumentado a atenção contra as
agressões.
“Um grande trabalho tem sido feito para acabar com essa
cultura de que determinadas práticas são naturais no carnaval. Existe
uma naturalização da violência contra a mulher e de praticas, como beijo
roubado, passar a mão e o puxão de cabelo”, esclareceu.
Ao
constatar os comportamentos inoportunos durante a folia, a vítima pode
procurar a Polícia Militar, presente em todos os blocos, para
encaminhá-la ao registro do boletim de ocorrência e fazer os
procedimentos cabíveis.
Sobre as formas de prevenção, Maísa Felix
comenta que nem todas as situações são possíveis de serem evitadas.
Porém, tentar andar acompanhada em determinados locais e nunca deixar de
acionar a Polícia quando estiver em perigo são atitudes importantes. Se
a viatura estiver no local, fica mais fácil localizar, identificar e
deter o agressor.
“A recomendação é denunciar. As mulheres não
podem se calar diante dessa prática. Elas devem falar e procurar ajuda.
Tem que compreender que isso é violência, que não é natural que práticas
violentas ocorram no carnaval. Denunciem ou então procurem a ajuda de
pessoas próximas a ela na festa” concluiu a secretária.
Juliana Cavalcanti – MaisPB
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