Filho mais velho de Fidel Castro é encontrado morto nesta quinta-feira, em Havana
Alejandro Ernesto/Ag. |
O
filho mais velho do ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, Fidel Castro
Diaz-Balart, de 68 anos, morreu nesta quinta-feira, em Havana,
aparentemente por suicídio, segundo meios de comunicação locais e
agências internacionais. Conhecido popularmente como “Fidelito”, o único
filho nascido do casamento de Fidel Castro com Mirta Diaz-Balart estava
em “depressão profunda” há vários meses. A informação é da agência
EFE*.
Físico nuclear, o filho do ex-líder cubano, falecido em
novembro de 2016, era assessor científico do Conselho de Estado de Cuba,
órgão máximo de governo da ilha, e vice-presidente da Academia de
Ciências do país. A informação oficial sobre a sua morte foi divulgada
através de uma nota informativa no programa Mesa Redonda, da televisão
estatal cubana, e posteriormente reproduzida por outros meios estatais
como o site “Cubadebate”.
O primogênito do líder da revolução
cubana “atentou contra sua vida na manhã deste dia 1º de fevereiro”, diz
a nota oficial, acrescentando que Castro Díaz-Balart era “atendido por
um grupo de médicos há vários meses por causa de um estado depressivo
profundo”.
“Como parte de seu tratamento, ele inicialmente exigiu
um regime de hospitalização e depois continuou com o acompanhamento
ambulatório durante sua reincorporação social”, prossegue o comunicado,
lembrando que “durante sua atividade profissional, inteiramente dedicada
à ciência, obteve relevantes reconhecimentos nacionais e
internacionais”.
Os funerais serão organizados “por decisão
familiar”, diz a nota. As últimas vezes em que Fidelito foi visto em
público foram no funeral de seu pai e na posse americano Peter Agre,
prêmio Nobel de Química, como membro da Academia de Ciências de Cuba, em
agosto do ano passado, em Havana.
Perfil
Nascido
em 1949, em Havana, o primogênito de Fidel Castro foi, entre 1980 e
1992, encarregado da política nuclear de Cuba, além de ser o responsável
pela construção inacabada da usina nuclear de Jaragua, em Cienfuegos,
que seria a primeira instalação do tipo na ilha.
Após o divórcio
dos seus pais em 1954, “Fidelito” viveu até os 10 anos com a sua mãe.
Ele começou seus primeiros estudos em Cuba e depois se mudou para a
extinta União Soviética, onde fez doutorado em Ciências Físicas
Matemáticas pelo Instituto de Energia Atômica I.V. Kurchatov, em Moscou,
e em 1974 se graduou com méritos em Física Nuclear pela Universidade
Estatal Lomonosov de Moscou
Posteriormente ele ampliou os seus
estudos em Cuba, Espanha e novamente na URSS. Além do seu trabalho à
frente da política nuclear cubana, Castro Diaz-Balart representou seu
país na Agência Internacional de Energia Atômica entre 1983 e 1992 e
presidiu o Grupo de Coordenação dos Países Não Alinhados para os usos
pacíficos da Energia Atômica (1983-1987).
Ostracismo
Em
junho de 1992, o jornal estatal “Granma” anunciou sua demissão na
direção da Secretaria de Assuntos Nucleares, uma decisão que Fidel
Castro disse ter sido “por ineficiência no desempenho das suas funções”.
Após isso, o filho mais velho do líder cubano foi submetido a um
ostracismo por sete anos, até que em 1999 foi nomeado assessor no
Ministério da Indústria Básica.
Fidel Castro Diaz-Balart viajou
com frequência ao exterior e nos últimos anos esteve no Cazaquistão
(2015), onde visitou centros de desenvolvimento tecnológico e
científico, e em Moscou (2016) para assistir a Conferência Mundial da
Associação Internacional de Parques Tecnológicos.
Ele também foi o
autor de inúmeros títulos centrados em sua especialidade, como
“Elementos e reflexões em torno da Política Científica Nacional” (1985) e
“O grande desafio do Terceiro Milênio – Energia nuclear: perigo
ambiental ou solução para o futuro?” (1997), entre outros.
Além
disso, também participou de pesquisas internacionais sobre energia
atômica e em 2013 recebeu o título de “doutor honoris causa” pela
Universidade Estatal de Moscou, onde na sua juventude tinha se
especializado em Física Nuclear com um nome falso – José Raúl Fernández –
com o objetivo de garantir sua segurança.
Dentro da tradição da
família Castro de manter sua intimidade afastada do foco público,
existem poucos dados sobre sua vida pessoal. Fidelito foi casado com a
russa Natasha Smirnova, com quem teve três filhos (Mirta María, Fidel
Antonio e José Raúl) e após se divorciar da sua primeira esposa,
casou-se com a cubana María Victoria Barreiro.
Agência Brasil
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