Lula não deve ir a Porto Alegre para acompanhar julgamento que definirá seu destino político
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá acompanhar de São Paulo o
julgamento que definirá o seu destino político, no próximo dia 24.
Advogados aconselharam Lula a não participar de manifestações em Porto
Alegre, onde está a sede do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região
(TRF-4), sob o argumento de que é preciso cautela para evitar confrontos
e acirramento de ânimos.
“A ida de Lula a Porto Alegre sempre esteve condicionada à
possibilidade de ele ser ouvido no julgamento”, disse o líder do PT na
Câmara, Paulo Pimenta (RS), ao lembrar que o pedido, feito pela defesa
do ex-presidente, até agora não foi acatado pelo tribunal. “Não tem
sentido ele ir lá e ficar olhando. As manifestações que estamos
organizando na cidade serão de solidariedade e apoio, mas Lula não vai
participar.”
Dirigentes do PT já trabalham com a perspectiva da condenação de Lula
pelo TRF-4, mas, mesmo assim, manterão sua candidatura ao Palácio do
Planalto até o último recurso na Justiça. Se o ex-presidente for mesmo
condenado no caso do tríplex do Guarujá, em segunda instância, ficará
inelegível pelos critérios da Lei da Ficha Limpa. Poderá, no entanto,
permanecer na campanha deste ano até que todos os questionamentos
(embargos) apresentados por seus advogados sejam analisados.
A estratégia do PT consiste em partir para o enfrentamento no
palanque, na tentativa de defender Lula e o partido. Em um cenário de
condenação final, a candidatura do ex-presidente deve ser impugnada, mas
o cálculo dos petistas é que, até isso ocorrer, ele conseguirá passar a
ideia de “perseguição política”.
A cúpula do PT avalia que, se Lula for impedido de concorrer e sua
prisão for decretada, ele virará “mártir” e será importante cabo
eleitoral. Embora oficialmente todos os dirigentes do partido digam que
não há um Plano B para o caso de o ex-presidente não poder disputar, a
maior aposta, até agora, recai sobre o ex-governador da Bahia Jaques
Wagner (PT).
Ex-ministro
da Casa Civil no governo de Dilma Rousseff, Wagner é o mais cotado para
substituir Lula na chapa, até mesmo pelo fato de ser do Nordeste. O
ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad vai coordenar o programa de
governo do PT e deve concorrer ao Senado.
O publicitário Sidônio Palmeira foi convidado para ser o marqueteiro
do ex-presidente. Palmeira já assinou as campanhas de Wagner e do atual
governador da Bahia, Rui Costa (PT), que vai disputar a reeleição.
Com o mote “Cadê a Prova?”, o PT e a Frente Brasil Popular iniciaram
nesta segunda-feira, 8, uma ofensiva nas redes sociais, em mais uma
tentativa de mostrar que Lula está sendo injustiçado. Em julho, o juiz
Sérgio Moro condenou o ex-presidente a nove anos e seis meses de prisão
pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do
triplex do Guarujá. É justamente o recurso do petista nesse processo que
será examinado agora pelo TRF-4, em Porto Alegre.
No próximo dia 25, a Executiva Nacional do PT vai se reunir, em São
Paulo, para reafirmar a candidatura de Lula à Presidência, qualquer que
seja o resultado do julgamento. “Uma disputa eleitoral sem a
participação de Lula será um brutal golpe na democracia e só servirá
para dividir mais o Brasil”, afirmou a presidente cassada Dilma
Rousseff, em vídeo divulgado recentemente nas redes sociais.
Dilma engrossará o ato das mulheres em apoio a Lula, na véspera do
julgamento, na capital gaúcha. Várias manifestações estão sendo
organizadas pelo PT e representantes da Frente Brasil Popular não apenas
em Porto Alegre, mas em outras capitais. Em São Paulo, os manifestantes
pró-Lula prometem ocupar a Avenida Paulista, no dia 24, a partir das 18
horas.
Até
agora, este será o único ato do qual o ex-presidente pretende
participar no dia de seu julgamento. Militantes do PT querem que, antes
de se dirigir à Paulista, Lula fique na sede do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), entidade que foi
comandada por ele de 1975 a 1981. O ex-presidente ainda não decidiu,
porém, se permanecerá no Instituto Lula, em seu apartamento de São
Bernardo ou no sindicato.
Fonte: O Estado de S.Paulo - Créditos: Vera Rosa - Publicado por: Ivyna Souto
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