Vestido de presidiário, apoiador do presidenciável Bolsonaro atrapalha evento tucano
Foto: Ricardo Galhardo |
Um
autodeclarado humorista e apoiador do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ)
causou tumulto no evento convocado pelo grupo PSDB Esquerda Pra Valer
para discutir democracia e direitos humanos com a presença de
integrantes do PT, PV, PSB e PPS.
Felipe Ferreira, que mantém um
canal de vídeos no Youtube com conteúdo de direita e críticas à
esquerda, subiu no palco do evento enquanto o ex-ministro Aldo Rebelo
(PSB) falava e, vestido de presidiário, fez uma “performance”.
“Que
o PT e o PSDB nunca mais voltem a governar este País. Viva a Lava
Jato”, disse ele. A intervenção foi repudiada pela plateia. O deputado
Ramalho da Construção (PSDB-SP), chegou a sair do palco para não
aparecer ao lado de humorista vestido de presidiário.
Depois de
deixar o local, Ferreira disse que é eleitor de Bolsonaro e que estava
ali para “representar milhões de brasileiros” inconformados com as
denúncias de corrupção.
“Essa onda (conservadora) passa. É mais fruto de desorientação do que de objetivos”, minimizou Rebelo.
O
evento, batizado Convergências pela Democracia e Direitos Humanos,
tinha como objetivo criar um ambiente de diálogo entre partidos que há
décadas se enfrentam nas urnas para buscar unidade, mesmo que pontual,
em oposição à onda conservadora que se espalha pelo País.
“Temos
que juntar todas as forças porque é tempo de resistência”, disse o
deputado estadual Carlos Bezerra Jr. (PSDB), presidente da Comissão de
Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo.
Além dos
tucanos e de Rebelo, participaram do ato o vereador Eduardo Suplicy
(PT), o deputado Arnaldo Jardim (PPS), o ex-secretário Eduardo Jorge
(PV), entre outros.
Enquanto as lideranças falavam, na platéia
circulava um abaixo assinado em favor de uma ação popular para reverter o
impeachment e devolver o governo à presidente cassada Dilma Rousseff
(PT).
O presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal,
reclamou da falta de público. “É necessário fazer mais isso. O
comparecimento ainda é escasso”, disse ele.
Felipe Guimarães,
coordenador do Esquerda Pra Valer, leu um manifesto escrito pelo
ex-ministro José Gregori e subscrito pelos participantes do ato e outras
lideranças, como o senador José Serra (PSDB-SP) e o deputado Jarbas
Vasconcelos (PMDB-PE).
“Não há democracia sem política,
desprezá-la ou tentar extingui-la equivale ao absurdo de retirar as
equipes dos estádios e deixar somente em campo o juiz em diálogo lúgubre
com as traves. Só as ditaduras praticam esse absurdo”, diz trecho do
manifesto.
Ao falar sobre combate à corrupção, o texto destaca que
hoje “ninguém está acima da lei e, portanto, não é intocável”, mas pede
respeito ao estado de direito. “Tanto os apuradores quanto os
julgadores devem balizar suas condutas nos limites dos deveres
funcionais sem pretensões de salvacionismos hegemônicos”, diz o
manifesto.
Segundo Guimarães, a ideia é divulgar e angariar mais apoios ao documento e, a partir dele, realizar novos eventos.
Estadão
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