Além da ex-esposa, Jair Bolsonaro também nomeou atual mulher na Câmara
O deputado federal e pré-candidato à Presidência da República Jair
Bolsonaro (PSC-RJ) nomeou sua atual mulher, Michelle, para exercer cargo
em seu gabinete na Câmara no ano de 2007 e só a exonerou depois de o
Supremo Tribunal Federal (STF) editar súmula que vedou o nepotismo. O
GLOBO já tinha mostrado no domingo que Bolsonaro e seus filhos
empregaram nos últimos 20 anos uma de suas ex-mulheres, Ana Cristina, a
irmã dela, Andrea, e o pai delas, José Cândido Procópio. Andrea continua
lotada até hoje no gabinete do deputado estadual Flávio Bolsonaro
(PSC-RJ). Um dos filhos do parlamentar, o hoje deputado federal Eduardo
Bolsonaro (PSC-SP), também foi empregado em seu gabinete.
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A informação sobre a nomeação da atual mulher foi publicada pela
“Folha de S.Paulo”. O GLOBO confirmou a informação por meio de pesquisa
em boletins administrativos da Câmara. Michelle foi nomeada no gabinete
de Bolsonaro em 18 de setembro de 2007. Os dois já tinham um
relacionamento à época. A exoneração veio em 3 de novembro de 2018, com
efeitos administrativos a partir de 31 de outubro daquele ano. Em 29 de
agosto de 2008 o Supremo editou a súmula que tratou do nepotismo,
vedando a contratação de parentes até terceiro grau.
O GLOBO mostrou no domingo que desde 1998 Bolsonaro e seus filhos
deram empregos a familiares de uma das ex-mulheres do deputado. Ana
Cristina Valle foi mulher do deputado federal entre 1997 e 2007. Juntos
tiveram um filho, Jair Renan Bolsonaro, que nasceu em 1998. Após o
nascimento, o deputado nomeou em seu gabinete a tia e o avô do menino,
Andrea e José Cândido, enquanto que a mãe foi lotada na liderança do
PPB, partido do parlamentar à época.
Andrea
ficou no gabinete do presidenciável de setembro de 1998 até novembro de
2006. Em setembro de 2008, uma semana após a edição da súmula pelo
Supremo ela foi nomeada na Assembleia Legislativa do Rio no gabinete de
Flávio, onde está até hoje, recebendo salário de R$ 6,5 mil líquido.
Andrea foi nomeada no mesmo dia da exoneração de José Cândido no mesmo
gabinete. Não há vedação legal à nomeação de Andrea pelo fato de o
parentesco ser posterior ao terceiro grau. José Cândido estava lotado na
Alerj desde fevereiro de 2003, quando Flávio Bolsonaro assumiu o cargo
em seu primeiro mandato. Entre novembro de 1998 e abril de 2000, a
lotação dele foi no gabinete do genro Jair Bolsonaro na Câmara.
Ana Cristina, por sua vez, foi nomeada na liderança do PPB entre
novembro de 1998 e dezembro de 2000. Ela foi nomeada depois no gabinete
de Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) na Câmara Municipal do Rio. O órgão não
informou o período em que ela esteve ligada à Casa. Ana Cristina diz não
se lembrar quando atuou naquela Casa, destacando apenas que deixou a
função em 2006, quando teria terminado o relacionamento com Jair
Bolsonaro.
Em abril de 2005, durante uma sessão da Comissão de Constituição e
Justiça da Câmara, Bolsonaro defendeu a contratação dos parentes e citou
a situação do filho Eduardo, hoje deputado federal por São Paulo. Ele
foi funcionário da liderança do PTB entre 2003 e 2004, quando o hoje
presidenciável estava no partido.
— Já tive um filho empregado nesta casa e não nego isso. É um garoto
que atualmente está concluindo a Federal do Rio de Janeiro, uma
faculdade, fala inglês fluentemente, é um excelente garoto. Agora, se
ele fosse um imbecil, logicamente estaria preocupado com o nepotismo, ou
se minha esposa fosse uma jumenta eu estaria preocupado com nepotismo
também — justificou.
Em
resposta ao GLOBO sobre a contratação de sua ex-mulher e familiares
dela, o deputado afirmou que sempre agiu dentro da lei e que respeitou o
disposto pela súmula do Supremo sobre nepotismo. “Até o ano de 2008,
antes da edição da Súmula Vinculante nº 13, do STF, não havia vedação de
comissionar parentes em cargos temporários e indiquei, para gabinetes
no Estado do Rio de Janeiro, onde residiam, alguns parentes da Sra Ana
Cristina para exercício de funções relacionadas a assessoramento de
atividades parlamentares, sendo que após esse período não houve mais
nomeação de parentes até o 3º grau em meu Gabinete”, diz trecho da
reposta do parlamentar. O GLOBO procurou a assessoria do parlamentar
para questionar sobre a nomeação da atual mulher e do filho e aguarda
resposta.
Fonte: Agência - Créditos: O Globo - Publicado por: Leandro Borba
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