Os estragos causados pelo ministro Gilmar Mendes à Operação Lava Jato
Em meio a balões vermelhos e anjos de pano com enfeites dourados, o
ex-governador Anthony Garotinho celebrou o fim de quase um mês de
prisão, entre a cadeia de Benfica e a penitenciária de Bangu, no Rio de
Janeiro. Sua mulher, a ex-governadora Rosinha Matheus, e sua filha, a
deputada Clarissa Garotinho, o aguardavam na chegada, na quinta-feira
(21), com um prato de sopa leve sobre a mesa de casa. Um grupo de oração
já estava escalado para se reunir durante o fim de semana para
agradecer a Deus a benesse concedida a Garotinho. A reza era endereçada a
Deus no céu e na Terra ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal
Federal (STF), que proferiu a decisão logo no primeiro dia de seu
plantão durante o recesso do Judiciário.
Garotinho é acusado de receber cerca de R$ 3 milhões de propina da
JBS na eleição de 2014. Sua prisão foi feita com base nos depoimentos e
dados fornecidos pelos delatores do grupo, hoje presos também. Natal
tranquilo e em paz será desfrutado também por seu companheiro de
acusação. Presidente do partido de Garotinho, o PR, o ex-senador e
ex-ministro Antonio Carlos Rodrigues também ganhou o benefício de passar
o Natal em casa, não na penitenciária. Acusado de negociar propina de
R$ 3 milhões da JBS, Rodrigues ficou uma semana foragido antes de se
entregar, numa afronta à lei.
Nesta semana, o ministro Gilmar Mendes garantiu boas-festas a mais
oito políticos e empresários acusados – ou suspeitos – de cometer crime
de corrupção. A ex-primeira-dama do Rio de Janeiro Adriana Ancelmo foi
condenada a 18 anos de prisão por lavagem de dinheiro e por ter
desfrutado de joias, viagens e diversos luxos do esquema de corrupção
comandado pelo marido, o ex-governador Sérgio Cabral. Nesta semana,
Adriana foi agraciada pela segunda vez com o direito de cumprir prisão
domiciliar. Trocou a cadeia de Benfica, onde estava detida desde 23 de
novembro, pelo confortável apartamento no Leblon. O ministro Gilmar
Mendes aceitou os argumentos da defesa, de que ela precisa cuidar do
filho de 12 anos. Disse que a condição financeira privilegiada de
Adriana não poderia “ser usada em seu desfavor”.
Gilmar
Mendes é um ministro de perfil “garantista”, que prefere não enviar
pessoas para a prisão. Nos últimos dias, no entanto, sua postura foi
além do garantismo, para adentrar o terreno do “abolicionismo”, que
consiste não só em não prender, como em libertar quem for possível da
cadeia ou de investigações e denúncias. É notória sua postura contrária à
Lava Jato e, principalmente, ao ex-procurador-geral da
República Rodrigo Janot. Na terça-feira (19), Gilmar Mendes lembrou-se
do desafeto ao votar no caso conhecido como quadrilhão do PMDB, no qual
são réus os ex-ministros Henrique Alves e Geddel Vieira Lima, o
ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e o ex-assessor do presidente
Michel Temer Rodrigo Rocha Loures, o homem da corridinha com a mala de
R$ 500 mil.
Fonte: época - Publicado por: Gerlane Neto
Nenhum comentário:
Postar um comentário