No Estado da Paraíba, mulheres negras correm 5,6 mais risco de morrer do que brancas
De
acordo com um estudo feito pela Secretaria Nacional de Juventude (CNJ) e
pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
(Unesco), na Paraíba, as mulheres negras morrem 5,65 mais do que
brancas.
O índice foi calculado com base na análise de dados de 304 municípios do País com mais de 100 mil habitantes.
Apesar
do dado alarmante na Paraíba, a representante do Movimento de Mulheres
Negras do estado, Terlúcia Silva, revela que as negras de todo o país
passam por situações de risco. Segundo ela, além do racismo
institucional, o imaginário social contribui para que a violência
persista.
“As mulheres negras são vistas como cidadãs de segunda,
terceira categoria. Há uma imagem que elas não são inteligentes, só tem
corpo, só produz força física e são hiperssexualizadas. Uma pessoa vista
dessa forma está vulnerável à violência física e sexual”, ressalta.
O
grande número de negras em empregos informais, com baixa escolaridade,
residindo em áreas pouco estruturadas também são condições que
colaboram, segundo Terlúcia, para que os dados não mudem.
Outro
fator preocupante é a violência contra jovens negros na Paraíba. Depois
de Alagoas, a Paraíba fica em segundo lugar onde os jovens negros correm
8,9 mais risco de serem assassinados.
Políticas públicas
Atualmente
no Brasil, não existem muitas políticas públicas voltadas para o negro.
A Lei 10/639/03 torna obrigatório o ensino da história e cultura
afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares,
do ensino fundamental até o ensino médio.
Porém, ela não é
cumprida conforme previsto. “Nem todos os municípios criaram diretrizes,
nem todas as escolas trabalham essa Lei. A gente continua pensando que a
pessoa negra está na senzala, está no tronco. A educação é um caminho
para a gente compreender como se dão as relações raciais e de gênero no
Brasil”, conta Terlúcia.
Na pesquisa realizada, as informações
estão divididas em quatro dimensões: violência entre jovens, frequência à
escola e situação de emprego, pobreza no município e desigualdade. Essa
é a segunda edição do índice, que já havia sido calculado em 2015.
Caroline Queiroz – MaisPB
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