Defesa de Carlos Arthur Nuzman cita Pelé, rei da Holanda e samba da Mangueira
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Foto: Reuters |
A
defesa do ex-presidente do Comitê Rio-2016 e do Comitê Olímpico
Brasileiro recorreu a testemunho real para refutar as acusações do
Ministério Público Federal, que investiga um suposto esquema de compra
de votos para que o Rio sediasse os Jogos Olímpicos de 2016.
Um
documento produzido pela defesa de Nuzman e entregue à Justiça na
última semana indica 40 testemunhas que na visão dos advogados poderão
atestar a integridade de seu cliente. Entre elas, estão algumas
personalidades, como o príncipe Albert II de Mônaco, o rei da Holanda,
Willen Alexander, além do ex-jogador de futebol Pelé.
Cabe
à Justiça decidir se aceita ouvir o depoimento dos nomes indicados.
Receber os 20 testemunhos de pessoas no exterior exige mais tempo, o que
pode prorrogar a espera até o julgamento. A defesa de Nuzman garante
que todos os arrolados tiveram alguma relação com o trabalho do Brasil
na tentativa de sediar os Jogos.
Os
advogados argumentam que Pelé, por exemplo, esteve no continente
africano com o ex-dirigente em busca de conseguir votos para o Brasil.
O
rei da Holanda e o príncipe de Mônaco são membros do COI e estiveram
pessoalmente com Nuzman, que também era membro da entidade mundial, em
algumas ocasiões.
Outra
curiosidade colocada pelos advogados no documento foi a letra de um
samba-enredo da Mangueira, de 1997, cujo o tema era o sonho do Brasil de
sediar a Olimpíada de 2004, que acabou sendo realizada na Grécia.
“De braços abertos sou o Rio de Janeiro, dois mil e quatro é o sonho brasileiro”, diz o refrão.
A
inclusão do enredo teve como objetivo mostrar que a tentativa de sediar
uma Olimpíada do Brasil não era um plano apenas de Nuzman, com intenção
de obter apenas benefício próprio, mas um sonho dos brasileiros.
“Como
se vê, o sonho, além de ser brasileiro, carecia do empenho de um líder,
e este, inegavelmente, faça-se Justiça, desde muito tempo, até
chegarmos a 2016, foi Carlos Arthur Nuzman”, completa o documento.
A
defesa rebate a acusação do Ministério Público de que Nuzman
pertenceria a uma suposta organização criminosa comandada pelo
ex-governador do Rio Sergio Cabral, preso em decorrência da operação
Lava-Jato. Segundo os advogados, os Jogos de 1988 foram os primeiros
alvos de Nuzman. Ou seja, cerca de duas décadas antes de Cabral assumir o
governo do estado.
Os
advogados também questionaram a equiparação de Nuzman a um funcionário
público, feita pelo MPF, o que poderia abrir uma brecha para uma punição
ao ex-dirigente, já que a lei brasileira não prevê pena para corrupção
entre entidades privadas, o que é caso do COB e do Comitê Rio-2016.
Afastaram
ainda a possibilidade de seu cliente ter participado da assinatura de
contratos frutos de corrupção no Comitê Rio-2016 envolvendo o governo do
Rio e seus fornecedores. Segundo a defesa, Nuzman não participava do
conselho que escolhia as parcerias da entidade que organizou os Jogos.
O
ex-dirigente chegou a ficar preso por 15 dias em uma penitenciária do
Rio, em decorrência da operação Unfair Play. Mas recebeu um habeas
corpus no dia 19 de outubro, concedido pelo Superior Tribunal de
Justiça, que achou desproporcional a prisão. Para se manter em
liberdade, teve de se afastar da direção das entidades que comandava,
além de sofrer outras restrições.
GE
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