Candidatos consideram inesperado e difícil tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio
Estudantes antes da abertura dos portões para o primeiro dia de provas do Enem 2017 - Valter Campanato/Agência Brasil |
Além de professores,
o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano –
Desafios para a Formação Educacional de Surdos no Brasil – surpreendeu
também quem fez a prova neste domingo (5).
O estudante Denis Jarbas, de 21 anos, e que pretende estudar processos gerenciais, foi um dos primeiros a deixar na Universidade Nove de Julho (Uninove), em São Paulo,
um dos locais de aplicação do exame. Ele saiu pouco depois das 15h30. O
estudante considerou, no geral, as provas complicadas e o tema da
redação surpreendente. “[Não estava preparado] para este tema não, mas
deu para construir um texto legal com [a ajuda] dos textos-base”, disse
ele a jornalistas. Para ele, que já tinha feito o Enem no ano passado,
as provas deste ano foram mais difíceis. “Este ano foi mais difícil por
causa da redação também”.
A estudante Luiza Araújo, 18 anos, que também fez as provas na
Uninove, considerou o tema inesperado. “O tema do ano passado [sobre
intolerância religiosa] foi mais fácil”, disse a jovem, que pretende
cursar Farmácia. “Você não vê pessoas com deficiência
auditiva nas escolas normais”, disse ela, acrescentando que na escola
onde estuda não convive com surdos.
Em Brasília, a candidata Camila Alves considerou díficil
desenvolver a abordagem do tema. “Eu li e reli os textos-bases que eles
dão, mas foi bem complicado. Todo mundo estava esperando temas mais de
atualidades, e muita gente não estudou esse assunto”, disse a estudante,
que quer tentar uma vaga em enfermagem.
O estudante Caio Thomaz também em Brasília considerou o tema
inusitado, pois esperava um assunto mais ligado à política. “Eu usei
bastante os textos motivadores que tinha, então não achei tão
complicado”, disse, embora admita que abordou o tema de foma
superficial.
Já a estudante Mariana Spaolonzi, de 18 anos, avaliou o tema da
redação como tranquilo. “Não achei [o tema da redação] tão difícil.
Esperava que fosse pior. Achei bem tranquilo”, disse ela, que fez o Enem
na Uninove, em São Paulo.
Ela contou que um dos textos de apoio abordava a questão das
pessoas com deficiência auditiva não conseguirem vaga no mercado de
trabalho mesmo que tenham formação educacional adequada. “Era
para a gente desenvolver uma solução para isso. Eu pensei [ao escrever
sobre o tema] em uma empresa que fosse direcionada só para deficientes
auditivos, daí teriam mais vagas. Acho que as empresas acabam usando a
lei das cotas e pegam só o número mínimo de pessoas. Então, o resto
acaba ficando sem emprego. Precisa ter mais inclusão”, disse.
O candidato Gustavo Santos Duarte, 18 anos, considerou a prova de
língua portuguesa a mais difícil do dia. “A redação foi tranquila.
Gostei da redação. O tema foi bem legal. Estudo em uma escola onde há
alguns alunos surdos e consigo interagir um pouco com eles. Isso me deu
vantagem para poder fazer a redação”, contou o aluno que pretende cursar
fisioterapia.
* Colaborou Lucas Pordeus Leon, da Rádio Nacional de Brasília
Istoé com Agência Brasil
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