Lula admite 'fragilidade' e diz que Bolsonaro 'tem direito' a se candidatar à Presidência da República
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Foto: Futura Press |
MARINA DIAS - BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo (19) que a esquerda no país
está "fragilizada" e que um de seus principais opositores, o deputado
Jair Bolsonaro (PSC-RJ), tem o "direito de ser candidato". "O Brasil tem
que colher aquilo que planta", declarou.
"Eu não sou de extrema esquerda e muito menos o
Bolsonaro é de extrema direita. O Bolsonaro é mais do que isso e quem
convive com ele sabe o que ele é. Não vou dizer porque acho que ele tem o
direito de ser candidato, de convencer as pessoas, e o Brasil tem que
colher aquilo que planta", disse Lula.
Segundo o petista, o Congresso Nacional de hoje - com
bancadas conservadoras expressivas -; é o reflexo do "pensamento político
da sociedade brasileira em 2014".
Em discurso de cerca de quarenta minutos durante o
encontro do PC do B, em Brasília, Lula disse que a aliança formada por
partidos de esquerda "está mais perdendo do que ganhando" e que é
preciso mudar o discurso e a postura para vencer as eleições de 2018.
"Nós estamos fragilizados na luta para evitar [o
desmonte do Estado], porque os congressistas que estão votando para
desmontar não têm compromisso conosco. Se a gente não tomar cuidado, vai
piorar nas próximas eleições. Toda vez que se fala em mudança, piora.
Precisamos pensar no que fazer", afirmou o ex-presidente.
"Não tenho mais idade de ficar criando o 'Fora,
Temer' e ele estar dentro, de ficar criando o 'não vai ter golpe' e ter
golpe. Vamos ter que parar de gritar e evitar que isso aconteça mesmo",
completou.
Uma militante da plateia chegou a falar que a
solução, neste caso, seria "pegar em armas", em referência aos
movimentos contrários à ditadura. Lula respondeu rindo e disse que era
melhor "nem falar disso". "Eu não sei usar [armas]".
O ex-presidente criticou mais uma vez o governo de
Michel Temer e classificou o peemedebista e seus aliados como
"ururpadores". "O compromisso deles é com o mercado, é atender ao
desmonte do Estado", afirmou em referência à reforma trabalhista que, na
avaliação do ex-presidente, retira direito dos trabalhadores.
SEPARADOS
Lula participou neste domingo do congresso do PC do
B, que lançou Manuela D'Ávila candidata ao Planalto. Petistas reagiram
mal à iniciativa do partido aliado. É a primeira vez, desde 1989, que PT
e PC do B podem disputar a Presidência separados.
Em seu discurso, porém, Lula disse que é "o único ser
humano" que não pode desencorajar alguém que quer ser candidato ao
Planalto. "É um direito legítimo. Se não fosse a minha teimosia e a do
PT, eu não teria chegado nunca à Presidência. Mesmo que não ganhe, se
fizer uma campanha ideologicamente organizada, com a militância na rua,
vale a pena", afirmou.
Para ele, "qualquer partido de esquerda que quiser ser candidato, deve lançar", mas é preciso "ir junto para a rua".
A presidente nacional do PC do B, Luciana Santos, defendeu o "direito de Lula" de sair candidato à Presidência em 2018.
O PT aguarda uma decisão judicial para bater o
martelo sobre a candidatura de Lula. Se o petista for condenado em
segunda instância pela Justiça Federal, ele se torna inelegível na
disputa de 2018.
Lula, no entanto, ainda conta com uma liminar
-após recurso de sua defesa– concedido por um tribunal superior, como
Supremo Tribunal Federal, que o permita concorrer à sucessão de Michel
Temer.
DENÚNCIAS
O ex-presidente voltou a se defender das
denúncias no âmbito da Lava Jato e outras operações. Afirmou que o
Ministério Público Federal, a Polícia Federal e o juiz Sergio Moro, de
Curitiba, precisam "provar um real da minha vida que não seja legal".
Sobre o sequestro de R$ 24 milhões em bens
dele e de seu filho, Luís Cláudio Lula da Silva, que o MPF em Brasília
pediu à Justiça Federal nesta semana, o ex-presidente disse apenas que é
preciso "provar" onde ele tem esse dinheiro.
"Um cidadão que não sei quem é apresentou um
pedido de bloqueio de R$ 24 milhões meu. Primeiro ele devia ter a
decência de falar onde eu tenho R$ 24 milhões".
Segundo Lula, os investigadores ficam "inventando mentiras" e agora "não têm como sair delas".
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