Amazon Log 17: Militares americanos intervêm na Amazônia pela primeira
"A
região está passando por uma situação bastante caótica e pouco clara no
que se trata desses acontecimentos, e os EUA se aproveitam,
logicamente, da instabilidade", afirmou o analista Raúl Zibechi sobre o
contexto no qual se realizam os exercícios militares Amazon Log 2017,
que pela primeira vez deram o acesso de tropas estadunidenses à
Amazônia.
Entre 6 e 13 de novembro, cerca de 1.500 soldados brasileiros, 150
colombianos, 120 peruanos e 30 americanos participam das manobras
polêmicas, rejeitadas pelas Forças Armadas do Brasil, pois estas
entendem que isso implica começar a renunciar ao controle do principal
reservatório de biodiversidade perante os americanos.
Com 5 milhões de quilômetros quadrados, 60% da Amazônia fica no Brasil.
"O exército brasileiro sempre foi e continua sendo muito zeloso em
relação à soberania e controle da Amazônia. Nesse sentido, a presença de
militares dos EUA neste território gerou uma rejeição muito importante
por parte das Forças Armadas: ‘O controle cabe aos brasileiros e isso é
algo que está fora de questão", explica Zibechi à Sputnik Mundo, falando
do impacto geopolítico de iniciativas como o Amazon Log 17.
Ademais, o analista caracterizou o contexto nacional que rodeia as
respectivas manobras, ou seja, a política do atual governo brasileiro,
destacando que é um governo que "está privatizando esta [a Amazônia] em
massa", e sobretudo permite o acesso de empresas internacionais aos
recursos naturais do país, inclusive o pré-sal.
"Os recursos naturais têm uma relação direta com a soberania nacional
porque não se trata de conservacionismo puro: trata-se de reafirmar a
soberania sobre os recursos, água, biodiversidade, questões nas quais as
empresas norte-americanas tiveram e têm um interesse especial. Não é
uma questão menor, é um tema muito forte", advertiu o especialista.
"É uma zona estratégica para o Brasil, sobretudo porque é a tripla
fronteira entre Peru, Colômbia e Brasil, é uma zona amazônica, de forte
crescimento populacional, com forte migração da Venezuela. […] É uma
zona equatorial, o que significa tudo o que tem a ver com a esfera
aeroespacial, esta zona será sempre apreciada por todas as potências",
resumiu, adiantando que a região, acima de tudo, sempre foi muito rica
em recursos minerais, inclusive raros, o que tem provocado inúmeros
conflitos entre várias nações.
Jornal do Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário