Papa Francisco considera permitir padres casados, segundo fontes do Vaticano
O pontífice permitiu que seja aberta uma discussão na Igreja Católica sobre a possível suspensão parcial do celibato para os padres
O Papa Francisco permitiu que seja aberta uma discussão na Igreja
Católica sobre a possível suspensão parcial do celibato para os padres,
segundo fontes do Vaticano.
A proposta inusitada dentro do tradicionalismo católico teria vindo do
cardeal brasileiro Claudio Hummes, que tem uma próxima relação com o
Pontífice e quer encontrar uma solução prática e definitiva para a falta
de padres na região amazônica. O tema poderá ser discutido no sínodo de
2019.
De acordo com a imprensa italiana, os bispos da região amazônica foram
convocados para encontrar uma nova estrada para a evangelização. O
projeto defendido por Hummes, presidente da Comissão Episcopal para a
Amazônia, seria que homens fiéis casados pudessem ser nomeados a cargos
de administração espiritual das suas comunidades, que muitas vezes ficam
em áreas isoladas e de difícil acesso, evitando, assim, que o celibato
continue a ser um dogma indiscutível em Roma.
O celibato de padres não é considerado um dogma católico, mas sim uma
disciplina. Isso significa que não é uma verdade revelada pela fé, uma
vez que por diversos séculos os sacerdotes puderam se casar e ter
filhos.
Os relatos são de que, nos últimos dias, Dom Erwin Krautler, secretário
da Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB), falou sobre a urgência de lidar com a questão
amazônica.
O assunto teria sido tratado diretamente com o Papa Francisco, segundo a
agência austríaca Kna, que teria respondido a Krautler que pedisse aos
bispos para formular propostas válidas sobre o tema.
Krautler reconhece que esse é um assunto que pode ser discutido, mas ressalta que não é o ponto principal do sínodo.
“O sínodo não tem esse tema. O tema é a evangelização e novos caminhos
em relação aos povos indígenas na Amazônia, que está ameaçada em sua
sobrevivência. Fala-se também da escassez do clero nessas comunidades.
Mas o sínodo foi convocado no dia 15 de outubro e não tem proposta
nenhuma dessas ainda. Está tudo no começo “, pontuou Dom Erwin.
De acordo com ele, o Papa já deu as “linhas mestres” para os “novos
caminhos para a evangelização na Amazônia”, como abordar uma Igreja com
“rosto amazônico” e debater a a destruição na região.
O próximo passo é ouvir as conferências, que farão suas propostas e, a
partir de então, formar um manual de alinhamento para depois ser
discutido em 2019.
Por mais de três décadas, Krautler dirigiu a Prelazia do Xingu, diocese
em formação no Pará, e conquistou destaque internacional por defender a
Amazônia e os direitos dos povos indígenas.
Em março, o Papa Francisco já havia levantado publicamente a discussão
sobre a possibilidade de mudar a disciplina do celibato eclesiástico.
Sugeriu que poderia vir à pauta da Igreja o debate sobre a ordenação de
Viri probati — ou seja, os homens de fé comprovada — que já fossem
casados.
“É necessário determinar quais tarefas podem ser confiadas aos homens
de fé, sobretudo nas comunidades mais remotas”, disse o Pontífice à
época.
O Globo
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