BNDES tem lucro líquido de R$ 3,2 bilhões de janeiro a setembro de 2017
Lucro no mesmo período do ano passado foi um bilhão superior
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
registrou, de janeiro a setembro deste ano lucro líquido de R$ 3,2
bilhões. No terceiro trimestre, o lucro atingiu R$ 1,857 bilhão. “Foi um
trimestre muito bom para o banco, como foram também os trimestres
anteriores”, disse hoje (10), em entrevista coletiva, a superintendente
da Área de Controladoria do BNDES, Vania Borgerth.
A instituição fechou os nove meses com ativos totais de R$ 868 bilhões e
patrimônio líquido de R$ 59 bilhões, com queda da inadimplência de
2,45%, em junho, para 1,83% em setembro. “Estamos bastante satisfeitos
com o terceiro trimestre”, afirmou Vania.
Ela disse que o resultado foi impulsionado pela subsidiária BNDES
Participações (BNDESPAR), que teve um "excepcional" resultado de
participações societárias, quando confrontado com a crise enfrentada
pelo setor em igual período do ano passado. Houve aumento de R$ 6,99
bilhões no resultado de participações societárias. Ao mesmo tempo, a
provisão de risco de crédito caiu R$ 1,4 bilhão. Para Vania, o resultado
do BNDES não foi surpresa, ficou dentro do padrão esperado para o
banco.
Acumulado
No acumulado janeiro a setembro do ano passado, o BNDES teve lucro
líquido de R$ 4,2 bilhões. Segundo Vania, em 2016, o lucro foi
fortemente impactado pela transferência para perda permanente do
impairment (despesa com provisão de investimentos) de Petrobras, que
puxou o resultado de participações societárias para baixo. “No ano
passado, o banco teve no resultado de participações societárias prejuízo
de R$ 4,1 bilhões, que conseguimos reverter para um lucro de R$ 2,879
bilhões”, destacou Vania. Ela admitiu, contudo, que em termos de lucro
final, o período de janeiro a setembro do ano passado mostrou lucro
líquido de R$ 4,240 bilhões contra R$ 3,2 bilhões em igual período de
2017.
A superintendente da Área de Controladoria do BNDES lembrou que, em
setembro do ano passado, o banco emitiu comunicado ao mercado informando
que havia constituído, pela primeira vez em sua história, créditos
tributários sobre a carteira de provisão para risco de crédito. Isso
gerou um resultado positivo para a instituição de cerca de R$ 4,5
bilhões, em 2016. “Se for expurgado esse efeito, que é extraordinário, e
não recorrente, porque estávamos implantando esse sistema, o resultado
de 2017 até pode ser considerado superior àquele verificado em 2016”.
De acordo com Vania, tal raciocínio pode ser aplicado em relação ao
lucro líquido do terceiro trimestre, de R$ 1,857 bilhão, contra lucro de
R$ 6,414 bilhões no mesmo período de 2016. “O resultado do terceiro
trimestre estava impactado em R$ 4,5 bilhões por esse efeito não
recorrente.”
JBS
O resultado do terceiro trimestre inclui o valor extra de provisões
para perda da JBS, conforme havia sido prometido no fechamento de junho.
O teste de impairment, quando são feitos cálculos para verificação do
valor recuperável, foi adiado de junho para setembro. Segundo Vania,
feito o teste, foi reconhecida uma provisão para perda nesse
investimento, mas o valor não foi relevante em relação à posição do
banco. Se o teste tivesse sido feito em junho, exclusivamente sobre a
posição a valor de mercado, o BNDES teria tido perda de R$ 1,2 bilhão. O
teste feito em setembro somou R$ 218 milhões de perda. “Não é um valor
material.”
Apesar disso, a JBS contribuiu positivamente para o resultado do banco
em termos de equivalência patrimonial, que reflete a performance da
empresa investida, disse Vania. Ou seja, a JBS apresentou lucro
suficiente para o banco ter ganho de equivalência no período, mesmo com a
provisão que foi feita. O único senão é que as provisões foram feitas
usando demonstrações auditadas da empresa em março de 2017, o que não é o
ideal, acrescentou.
A empresa não divulgou o balanço auditado em junho, nem divulgará o
relativo a setembro. O cálculo poderá, entretanto, ser refeito, caso a
empresa divulgue o balanço até dezembro. “Não há interesse do banco em
não dar o devido tratamento a esse investimento, como faz em qualquer
investimento da sua carteira.”
Tesouro
O ativo do Sistema BNDES somou R$ 868,5 bilhões em 30 de setembro,
queda de R$ 7,561 bilhões, ou o equivalente a 0,9%, em relação a 31 de
dezembro de 2016. A queda foi influenciada principalmente pela
liquidação antecipada de R$ 33 bilhões de empréstimos com o Tesouro
Nacional. VanIa Borgerth ressaltou que o pagamento antecipado dos R$ 33
bilhões não afeta o resultado do período. “É só uma troca de elementos
patrimoniais. Ou seja, eu tiro caixa que está no meu ativo e elimino
dívida que está no passivo.”
Ela explicou que o banco fez a liquidação antecipada dos R$ 33 bilhões,
conforme solicitado pelo governo federal, e isso reduziu a
disponibilidade de caixa, mas também diminuiu o endividamento, o que
acaba por melhorar os indicadores de alavancagem do banco, de certa
forma. A disponibilidade de caixa, mais títulos e valores mobiliários do
BNDES, soma R$ 187 bilhões. Descontadas desse número as operações de
crédito ou debêntures, estimadas em R$ 15 bilhões, chega-se a um valor
em torno de R$ 170 bilhões, informou a superintendente.
Recursos
Sobre as fontes de recursos, o BNDES informou que os empréstimos e
repasses caíram R$ 14,509 bilhões (ou 1,9%) este ano, em consequência,
sobretudo, da liquidação antecipada de R$ 33 bilhões em empréstimos com o
Tesouro Nacional. A queda foi parcialmente atenuada pelas captações de
R$ 3,185 bilhões, com a emissão de green bonds (títulos verdes) no
mercado internacional e de R$ 11,6 bilhões do Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT).
A BNDESPar teve lucro líquido R$ 1,341 bilhão no terceiro trimestre
deste ano. No período de nove meses encerrado em 30 de setembro, a
instituição registrou lucro líquido de R$ 2,590 bilhões. Segundo o
BNDES, esse resultado representa aumento de 283% diante do prejuízo
líquido de R$ 1,415 bilhão apurado no mesmo período de 2016. Para isso,
contribuiu a recuperação do resultado com participações societárias, que
saiu de um prejuízo de R$ 4,103 bilhões em 2016 para um lucro de R$
2,889 bilhões em 2017.
Agência Brasil
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