Acusada de mandar matar marido, cantora gospel vai a júri popular
O
juiz da 1ª Vara de Justiça de São Pedro (SP), Luis Carlos Maeyama
Martins, determinou que a cantora gospel Tânia Levy, acusada de matar o
marido, vai a júri popular. Ela foi denunciada pelo Ministério Público
(MP) por homicídio qualificado porque, segundo o MP, teve a ajuda de uma
pessoa não identificada para cometer o crime planejado, o que
dificultou a defesa da vítima. A defesa da cantora informou que já
recorreu da decisão.
A decisão de julgamento em júri popular foi publicada no Diário da Justiça Eletrônico de São Paulo na terça-feira (21).
O corpo do guarda municipal Eliel Silveira Levy foi encontrado em um
porta-malas de um carro incendiado na zona rural de São Pedro, em 16 de
setembro de 2013.
O desaparecimento dele havia sido comunicado pelo irmão no mesmo dia.
A perícia apreendeu no veículo um carregador de pistola, um
distintivo e partes de instrumentos musicais. A suspeita da polícia de
que Tânia estaria envolvida na morte do marido surgiu logo depois que o
corpo do guarda foi encontrado. Ela teria matado ele depois de descobrir
uma relação extraconjugal.
Após quase dois anos de investigação, a cantora foi presa em julho de
2015. Ela conseguiu habeas corpus e deixou a penitenciária dois meses
depois, quando passou a responder pelo crime em liberdade.
Segundo o advogado José Oscar Silveira Junior, que representa a
cantora, a defesa já entrou com recurso sobre a decisão de julgamento em
júri. “Nós já apresentamos recurso perante ao Tribunal de Justiça de
São Paulo (TJ-SP). Vamos aguardar o julgamento. Pode ser que acolha meu
recurso e a absolva sumariamente, ou já marque dia para o júri”, afirmou
o advogado.
A defesa afirmou também que a acusada é inocente e desqualificou as
provas da denúncia. “Ela é a inocente, a única prova na qual a acusaçãoo
se baseia é o fato de que em uma imagem de de um posto de gasolina no
dia dos fatos, teria sido captado um veículo que seria da propriedade
dela, o que daria indícios, do ponto de vista da acusação, de que ela
teria auxiliado uma terceira pessoa não identificada a praticar o crime.
Nós entendemos que todas as demais evidências levam a outras pessoas,
mas a acusação focou fortemente nela”. disse.
Sentença
Segundo a denúncia do Ministério Público, na madrugada do dia 16 de
setembro de 2013, Tânia seguiu para o imóvel onde Levy morava, na Rua
Esplanada de Cristo, no bairro Novo Horizonte em São Pedro, acompanhada
de uma pessoa não identificada. Eles teriam matado o guarda no local.
Em seguida, os dois teriam seguido para a Estrada Vicinal Alto da
Serra, na zona rural de São Pedro, onde colocaram fogo no corpo da
vítima. Ela ainda teria tentado limpar a casa para esconder provas do
crime.
De acordo com a denúncia, no dia do desaparecimento do guarda, o
irmão de Levy seguiu acompanhado da polícia para a casa do guarda, onde
viu marcas de sangue no chão como se uma pessoa tivesse sido arrastada.
Ele relatou ainda que o casal tinha brigas constantes e que ele já havia
sido ameaçado de morte pela cantora.
A perícia foi acionada e localizou manchas de sangue na porta de
entrada da cozinha e respingos de sangue em algumas garrafas. Com o uso
de luminol, também foram encontrados indícios de sangue pelo imóvel, que
o autor do crime tentou limpar.
Em depoimento, Tânia negou ter matado o marido e afirmou que estava
na casa do pai no dia do crime, em Sarapuí (SP). Ela relatou que os dois
foram casados por 15 anos, e após passarem um mês separados, voltaram a
morar juntos na época do crime.
Ainda segundo a denúncia, Tânia afirma que o marido já havia se
envolvido com falsificação de documentos e estelionatos, junto com o
irmão, e que já havia sido preso por duas vezes. Na época do homicídio, o
guarda teria contado a ela que estava sendo ameaçado por um homem que
tinha comprado um carro da vítima, por dificuldades de transferir o
veículo.
Pelas
contradições no depoimento da cantora à polícia e também a partir do
resultado dos laudos do Instituto Médico Legal, ela foi denunciada pelo
homicídio do guarda municipal.
Entrevista
Após deixar a penitenciária em 2015, Tânia Levy falou com o G1
acompanhada da advogada. À época, ela se declarou inocente do crime e
disse que viu “a mão de Deus” durante o tempo em que ficou presa, se
aproximando mais da vida religiosa.
Ela admitiu que sabia da traição do marido, mas afirmou que o havia
perdoado. Segundo Tânia, ela teria descoberto o envolvimento do guarda
com criminosos meses antes da morte dele, o que explicaria o crime.
G1
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