Conheça histórias de ex-moradores de Campina Grande e suas saudades da cidade
É
sentir saudades de casa, mas querer ficar onde está. Respirar novos
ares, mas sentir falta do cheiro da comida da mãe, do aconchego da avó,
dos amigos de infância, da cidade em que nasceu. Com 153 anos de
história, Campina Grande mantém cativo quem teve que se afastar.
É o caso de Johnatan Vital. Com 18 anos, mora há seis meses no Rio de Janeiro. Em busca do sonho de ser um grande jogador de futebol, Johnatan abriu mão do conforto de seu lar. Feliz, Johnatan joga no Madureira Esporte Clube, e comemora ter conseguido seu primeiro contrato.
É o caso de Johnatan Vital. Com 18 anos, mora há seis meses no Rio de Janeiro. Em busca do sonho de ser um grande jogador de futebol, Johnatan abriu mão do conforto de seu lar. Feliz, Johnatan joga no Madureira Esporte Clube, e comemora ter conseguido seu primeiro contrato.
Em
meio às realizações, a saudade não diminui, mas a vontade de estar
perto de amigos vai sendo amenizada pelo desejo de estar cada vez mais
próximo de um sonho. “No começo é bem difícil ficar longe da família e
da cidade onde nasceu e cresceu, mas ao longo do tempo a gente vai se
adaptando mais ao novo estado”, conta Johnatan.
Açude velho,
Parque do Povo, shopping. Cada lugar é lembrado pelo rapaz, que morando
do outro lado do país, sente falta até do sotaque campinense. Pra tentar
reduzir a distância, a tecnologia se torna uma amiga querida. “Para
matar a saudade não dá… mas a gente faz ligação de vídeo aí dá para
matar um pouco”, admite.
Por enquanto, Johnatan não pretende
voltar à Campina. Ele entende que agora é o momento de viver aquele
sacrifício que rende resultados. “Espero voltar algum dia para passar um
tempo aí e matar a saudade que é grande”, revelou.
Entre Campina
Grande e Rio de Janeiro, o jogador nem pensa duas vezes: “Campina, com
certeza”. Apesar de estar na cidade maravilhosa, nada é tão maravilhoso
como estar em casa.
Seis horas de viagem
Em
2009, uma escolha levou Nelson Eliezer Ferreira Júnior a 400 km de
distância de sua família e amigos. Aprovado em um concurso para
professor,ele se despediu de Campina Grande e passou a viver em
Cajazeiras.
Mesmo amando sua cidade, o professor não pensou duas
vezes. “Minha decisão na verdade está ligada a minha vida profissional.
Estava preparado para morar fora, até mais longe de Campina se fosse
necessário”, disse.
Longe de pai, mãe, amigos de infância, era a
hora de recomeçar. Conhecer novas pessoas, criar novas impressões, ir
para lugares diferentes, considerar o novo endereço um lar. O processo
nem sempre é fácil. “Isso foi o mais difícil nos primeiros anos, porque
minhas referências afetivas estavam todas longe da minha cidade atual”,
conta Nelson.
Mas depois de oito anos, as coisas vão
simplificando. “Hoje já tenho muitos amigos que moram em Cajazeiras e
isso torna menos dolorosa a saudade da terra natal”, avalia. Para
amenizar a saudade, uma vez por mês o campinense retorna para sua
cidade.
E em cada retorno à Campina, um filme passa por seus
olhos. A infância vivida, o contraste do passado de Campina Grande com a situação
atual da cidade. “É como se a cidade lembrada não coincidisse com a
cidade real”. Isso porque, o professor lembra da rua Monte Santo, do
Colégio estadual da Prata, o Colégio Estadual de Bodocongó, da Praça da
Bandeira nos fins de tarde, o Cinema Babilônia, a Biblioteca Municipal.
Nem tudo permanece no mesmo lugar, ou do mesmo jeito.
E mesmo estando longe, Nelson analisa e acompanha as mudanças de Campina como uma progressão.
“O
Catolé se transformou completamente, agora cheio de prédios altos, a
Prata também ampliou sua vocação para a área de clínicas e hospitais;
novos bairros surgiram, principalmente após o programa ‘minha casa,
minha vida’. Bairros como as Malvinas e José Pinheiro desenvolveram seus
próprios centros comerciais, o que indica o crescimento e a
descentralização da cidade”.
Campina já não é a única. Mesmo
amando a cidade, Nelson também ama estar em Cajazeiras. “Minha casa,
minha vida profissional e afetiva já têm outro endereço”, admite. Mas
apesar disso, Campina sempre será para onde ele volta.
“O que eu
sei é que sempre vou querer visitar Campina. Sempre irei me sentir em
casa em Campina, por mais tempo que eu fique fora, quando volto, quando
vejo as luzes da cidade ao lado da praça do amor, é sempre uma sensação
boa”.
O sonho americano de Tarcísio
Apesar
de ter dois anos no exterior, o desejo de Tarcísio não é de hoje. “Eu
já era motivado desde adolescente. Sempre tinha algo aqui que me fazia
pensar em morar aqui. Desde a cultura, que inclui Halloween, o natal,
entre outras datas comemorativas e a forma como eles celebram”.
Mas
a decisão definitiva de ir só veio depois que conheceu seu marido, com
quem vive atualmente nos EUA. Nascido em Boa Vista, ele relembra os
momentos que viveu em Campina enquanto estudava na Universidade Federal
de Campina Grande. Entre os lugares preferidos, Tarcísio relembra a
‘barraquinha do nego’, localizada na UFCG. A maior saudade é da família
e amigos, mas a comida brasileira e a facilidade de chegar nos lugares
também fazem falta.
Nos 153 anos de Campina Grande, comemorados
hoje, o rapaz só tem um desejo para Campina Grande. “Que se torne uma cidade que
defenda e acolha qualquer forma de expressão, acolha qualquer gênero. E
que a cidade se torne exemplo de cidadania e diversidade.”
Caroline Queiroz – MaisPB
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