Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, diz estar disposto a se tornar ditador pela paz
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse na
sexta-feira (8) que está disposto a se tornar um ditador para combater a
inflação, garantir a manutenção dos preços à população e chegar à “paz
econômica” no país. A informação é da Agência EFE.
“Chova, troveje ou relampeje, nós vamos obter a paz econômica, a
prosperidade e a estabilidade dos preços. Quero fazer isso de um jeito
bom, mas se tiver que ser do ruim, me tornando um ditador para garantir
os preços ao povo, eu vou fazê-lo”, afirmou o presidente em um discurso
em rede nacional de rádio e televisão.
Maduro indicou que o combate à inflação no país deve ser um “objetivo nacional”, que deve unir produtores e distribuidores.
No discurso, Maduro disse desejar que o processo para a chegar à
prosperidade econômica seja “como uma corrente de água que vai se
limpando”. Para o presidente, é preciso expulsar “as águas do caos e da
especulação dos preços” porque a Venezuela precisa de estabilidade, de
um modelo ganha-ganha [em que a sintonia entre as partes favorece
vantagens para ambos].
Maduro indicou que com as recentes medidas econômicas adotadas e a
criação de novos mecanismos de controle, como os “fiscais populares”,
que denunciarão aos promotores comerciantes que vendam produtos a preços
superiores aos fixados pelo governo, conseguirá a paz econômica na
Venezuela.
Na quinta-feira (7), Maduro fez o anúncio desse conjunto de medidas
na Assembleia Nacional Constituinte, formada apenas por chavistas. O
presidente entregou oito projetos de lei para consolidar o “modelo
socialista” da Venezuela e sair de uma profunda crise que, segundo ele, é
de responsabilidade do neoliberalismo capitalista.
A principal iniciativa adotada contra crise é o estabelecimento de um
novo sistema com o qual a Comissão de Economia Constituinte
estabelecerá, junto com os setores produtivos, de distribuição e os
consumidores, os preços do leite, do pão, do azeite, do sabão, do
macarrão, do frango, entre outros.
Esse novo impulso ao controle de preços já implantados no país será
reforçado, segundo uma das propostas de Maduro, por fiscais eleitos
entre as organizações comunitárias e quadros chavistas, que denunciarão
ao Ministério Público os comerciantes que venderem mercadorias acima dos
valores estabelecidos pelo governo.
O objetivo é perseguir e prender esses comerciantes, a quem Maduro
acusa de ter aumentado os preços em “mil por cento” para enriquecer.
Além disso, o presidente os culpou mais uma vez pelo desabastecimento e
pela explosão da inflação no país.
A Venezuela enfrenta há três anos uma escassez de produtos
alimentícios que fez com que diversos itens fossem vendidos no mercado
informal.
R7
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