Governo consegue barrar denúncia de crime de corrupção contra Michel Temer
Às 20h41, 184 deputados haviam se posicionaram contra autorização para o Supremo Tribunal Federal analisar o caso

© Kim Kyung Hoon / Reuters
A Câmara dos Deputados barrou nesta quarta-feira (2) a
denúncia em que a Procuradoria-Geral da República acusa o presidente
Michel Temer de ter cometido crime de corrupção.
Votaram com Temer 263 deputados, que foram contrários à autorização
para o Supremo Tribunal Federal analisar o caso. Outros 227 foram
favoráveis ao aval a essa acusação do Ministério Público, que tem como
base a delação de executivos da JBS. Estiveram ausentes 19 deputados (na
prática, votando com o presidente), e houve duas abstenções.
Temer nega todas as acusações e diz que a peça assinada por
Rodrigo Janot é uma "ficção" baseada em um ato criminoso patrocinado por
um "cafajeste" e "bandido" - em referência à gravação feita
por Joesley Batista, da JBS, de uma conversa que o empresário teve com o
presidente no porão do Palácio do Jaburu.
Com a decisão da Câmara, a denúncia fica congelada até o fim do mandato de Temer, em dezembro do ano que vem.
TOMA LÁ, DÁ CÁ
Com um dos menores índices de popularidade da história, na casa dos
7%, Temer é o primeiro presidente da história do país denunciado no
exercício do cargo.
Desde que ficou com o mandato sob risco, ele promoveu uma série de
ações com o intuito de angariar votos na Câmara, principalmente de
partidos do chamado "centrão", grupo de legenda médias e grandes, como
PP, PR e PTB, que reúne cerca de 200 deputados.
Ele recebeu individualmente mais de uma centena de deputados -só
nesta terça (1º) se encontrou com ao menos 35, incluindo o ex-prefeito
de São Paulo Paulo Maluf (PP-SP), almoçou com 58 ruralistas e foi a um
jantar para o qual foram convidados 100 integrantes do baixo clero.
Vários pleitos foram atendidos, como cargos na máquina federal e
dinheiro para as emendas que os parlamentares fazem ao Orçamento. Nesta
quarta, por exemplo, o deputado Carlos Gaguim (Podemos-TO) foi à
tribuna conclamar os ministros de Temer -vários deles no plenário da
Câmara- a continuar a liberar verbas para as emendas.
O ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), que reassumiu o
mandato de deputado para a votação desta quarta, conferia a todo
momento com o deputado Beto Mansur (PRB-SP), no meio do plenário, lista
com liberação de emendas aos deputados. Blairo Maggi (Agricultura)
despachou de uma das cadeiras do plenário, com auxílio de assessores da
pasta. Deputados chegaram a entregar aos ministros listas por escrito
com seus pleitos na administração federal.
Até o fim da tarde de terça, véspera da sessão, aliados de Temer
perceberam um clima de insatisfação entre deputados, principalmente do
PP e do PR, que reclamavam de ter apenas a promessa do Planalto sobre a
liberação de emendas. O cumprimento, porém, diziam eles, ainda não
estava garantido. Notícias ao Minuto com informações da Folhapress.
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