Polícia prende família que levou mulher a funerária para esperar morte
O
velório de uma mulher boliviana que ainda estava viva levou à prisão de
três pessoas, acusadas pela Justiça da Bolívia de tentativa de
homicídio e de feminicídio.
Carmen
del Pilar Chacón, de 64 anos, foi encontrada viva pela polícia na última
quarta-feira (2), depois de ter passado cerca de 18 horas sobre uma mesa
e coberta por uma manta, rodeada de familiares “de luto”.
Segundo
a imprensa do país, porém, Chacón havia sido internada com um quadro
grave de pneumonia, diabetes, hipertensão e anemia, mas tirada do
hospital por três parentes – uma de suas filhas, o marido desta e uma
tia dele – enquanto ainda estava inconsciente.
“Os
familiares disseram que haviam recebido (do médico) a informação de que
(Chacón) morreria e pediram alta voluntária. Evidentemente foram (a
funerária) deixá-la esperando a morte”, disse na quinta-feira o promotor
de La Paz Edwin Blanco ao jornal La Razón.
A polícia afirma que foi uma amiga de Chacón quem percebeu, durante o funeral, que ela ainda estava viva.
“Me
aproximei para ver minha amiga e vi que ela estava com vida em uma
mesa, coberta por uma manta”, disse em seu perfil no Facebook Escarly
Ticona.
A
uma emissora de TV, Ticona contou ter perguntado à filha de Chacón por
que havia levado a mãe à funerária sem que estivesse morta. “Ela me
disse que não poderia levá-la para sua casa porque tem uma filha.”
O
administrador da funerária onde Chacón era velada também foi detido,
mas liberado pouco depois por não haver evidências até o momento de que
tenha sido cúmplice.
Chacón, porém, não estava sendo velada em uma das salas oficiais da funerária, mas sim em um quarto contíguo do local.
“Tive
o horror de admitir (o erro); é a primeira e única vez que isso
acontece, não temos nenhum antecedente”, disse o administrador à
emissora ATB. “(Os parentes) me mostraram um documento mostrando que a
senhora tinha uma falência múltipla de órgãos. Me comovi com a família e
aceitei ceder a eles um ambiente que não é o funerário.”
“O
que está acontecendo com a nossa sociedade? Por acaso perdemos todos os
valores humanos? Exigimos uma profunda investigação”, afirmou o
ministro boliviano de Justiça, Héctor Arce.
Chacón voltou a ser hospitalizada, e seu quadro era grave até sexta-feira.
Em
meio à comoção causada pelo caso, os médicos que a haviam tratado
inicialmente negaram ter dito a seus parentes que ela estava à beira da
morte.
“Em
nenhum momento ela foi desenganada nem indicamos que ela tinha poucas
horas de vida, mas os parentes consideraram que ela provavelmente não
melhoraria e pediram a alta médica de forma voluntária”, disse Humberto
Ticona, da equipe de terapia intensiva do Instituto Nacional do Tórax de
La Paz, ao jornal Página Siete.

BBC
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