sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Mensagem imprópria

Deputado Wladimir Costa diz que pedido de "mostre sua bunda" não foi erótico

A troca de mensagens foi registrada pelo fotógrafo Lula Marques


BRASÍLIA - No dia em que a Câmara decidiu blindar Michel Temer e impedir as investigações da acusação de corrupção passiva imputada ao presidente, um parlamentar se sobressaiu pela proximidade e devoção ao chefe do Executivo e pelo comportamento em plenário – bem próximo da galhofa. Wladimir Costa (SD-PA), o deputado que tatuou "Temer" no ombro, concentrou os holofotes durante toda a quarta-feira: portava dois "pixulecos", o boneco inflável de Lula presidiário, e batia um contra o outro durante os discursos da oposição; sugeriu aos opositores que lavassem suas bocas com soda cáustica; gerou empurra-empurra no plenário, antes e durante a votação; e saiu direto do Congresso para o Palácio do Planalto para a comemoração da vitória, ocasião em que entrevistou Temer, que o chama de "Wladi".
Os atos pouco protocolares não pararam por aí. O deputado, dentro do plenário e durante a votação, trocou mensagens com uma mulher em que pedia para ela "mostrar a bunda", com a justificativa de que "não são suas profissões que a destacam como mulher".
A troca de mensagens foi registrada pelo fotógrafo Lula Marques e publicada nas redes sociais do fotógrafo. Às 22 horas desta quarta-feira, quando Wladimir já estava na comemoração da vitória no Palácio do Planalto, a reportagem do GLOBO ligou para o deputado e o questionou sobre as mensagens:
— Aquilo é 'fake' (falso). Não é minha mão. Minha mão é mais delicada.
Na manhã desta quinta-feira, a reportagem voltou a procurar o parlamentar, que confirmou ser o autor das mensagens. A mensagem principal tem o seguinte teor: "Mostra a tua bunda mostra afinal não são suas profissões que a destacam como mulher e sua bunda. Vai lá põe aí garota. (sic)" Depois, Wladimir cita jornalistas que são "respeitadas e até desejadas" por suas "capacidades técnicas e não por um par de bunda".
Segundo o deputado, não havia nada de "sentimental" ou "erótico" nas mensagens, enviadas após ter proferido o voto em plenário para blindar Temer, ainda conforme Wladimir:
— Uma pessoa que conheço insistia para eu mostrar a tatuagem, na Câmara, no Senado. Isso é loucura, eu não posso mostrar. Aí citei Fátima Bernardes, Sônia Abrão, que não precisam mostrar a bunda. No contexto, não há nada sentimental, erótico. Foi uma resposta à questão da tatuagem. Não acho que as mensagens foram impróprias.
Pouco depois da troca de mensagens, Wladimir deixou o Congresso e foi ao Planalto. Ele subiu à sala do presidente e entrevistou o peemedebista. Temer disse que a Câmara fez "justiça".
O Globo

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