Exame de DNA prova erro na história contada na Bíblia
Um dos restos mortais analisados dos cananeus - Foto de IBT |
Segundo o Velho Testamento, o destino desta etnia estava selado.
“Não deixarás vivo nada que respire,” disse Deus, segundo a Bíblia. “Irás destruí-los completamente”.
A frase se referia aos cananeus, um povo que viveu há
milhares de anos na região que hoje corresponde à Jordânia, Líbano,
Síria, Israel e os territórios palestinos. De acordo com o texto
sagrado, sua vontade foi cumprida.
No entanto, uma nova análise genética determinou que a
população antiga sobreviveu a esta ordem divina, e que seus
descendentes vivem no Líbano moderno.
O Dr. Tyler-Smith e uma equipe internacional de
geneticistas e arqueólogos estudaram amostras de DNA de ossos
pertencentes a cinco cananeus, recuperados de um sítio arqueológico em
Sidon, Líbano, que tinham entre 3.650 e 3.750 anos de idade.
Os especialistas compararam o DNA antigo aos genomas
de 99 pessoas vivas do Líbano que o grupo havia sequenciado, e
descobriram que o povo libanês moderno compartilha cerca de 93% de seus
genes com as amostras da Idade do Bronze de Sidon.
“Podemos ver que os libaneses da atualidade podem
rastrear a maior parte de sua ascendência aos cananeus ou a uma
população geneticamente equivalente,” disse Chris Tyler-Smith,
geneticista do Instituto Wellcome Trust Sanger e autor do artigo sobre o estudo, publicado no The American Journal of Human Genetics. “Pouco mais de 90% de sua ascendência deriva dos cananeus”.
“A conclusão é clara,” reafirmou Iosif Lazaridis,
geneticista de Harvard que não participou da pesquisa. “Com base neste
estudo, descobriu-se que as pessoas que viveram no Líbano há quase 4 mil
anos eram muito similares às pessoas que vivem ali hoje, aos libaneses
modernos”.
O fator surpreendente do resultado – além do
fato de que os cananeus não se extinguiram – é que ele indica que,
apesar das migrações e conquistas que o Líbano viveu, o DNA dos
libaneses atuais é definido por ancestrais cananeus.
Pouco se sabe sobre esta etnia, além do fato
de que descendia de grupos de agricultores que se assentaram no Oriente
Médio durante o Neolítico, e há cerca de 5 mil anos se misturaram com
imigrantes do leste da Eurásia. Eles viviam e faziam comércio ao longo
da costa oriental do Mediterrâneo atual, uma região que era conhecida
como Levante. No entanto, não há registros desta civilização,
provavelmente porque foram escritos em papiros que não suportaram o
passar do tempo.
O DNA é, portanto, o registro histórico que nos resta dos cananeus, e revelou esta informação importantíssima.
“Observamos que há uma forte continuidade
genética entre a população antiga e as modernas,” disse o geneticista
espanhol Javier Prado, coautor do estudo. “Ambas as populações têm
pigmentação da pele, olhos e cabelos semelhantes, embora seja provável
que os cananeus tivessem a pele mais escura, já que não possuem uma
variante em um gene, o SLC45A2, que é, curiosamente, o mesmo que está
relacionado ao albinismo de Copito,” ele declarou ao jornal espanhol El País.
Benito Kozman - Yahoo
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