Alinhado a Sérgio Moro, ministro Fachin coleciona derrotas na 2ª Turma do STF
Quando houve julgamento de mérito de prisões preventivas determinadas pelo juiz federal, ministros do Supremo derrotaram o relator da Lava Jato
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O relator da Lava-Jato no STF, ministro Edson Fachin - (STF/Divulgação) |
Voto vencido na Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) nas decisões que libertaram o pecuarista José Carlos Bumlai e o ex-tesoureiro do PP João Cláudio Genu, na semana passada, e o ex-ministro José Dirceu, nesta terça-feira, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no tribunal, mantém-se alinhado às decisões do juiz federal Sergio Moro e aos anseios da força-tarefa da operação em Curitiba desde que assumiu a relatoria, em fevereiro.
Nas cinco vezes em que precisou decidir sobre a manutenção
de prisões preventivas determinadas por Moro, Fachin concordou com todas
elas. O relator foi acompanhado por seus pares em duas decisões neste
sentido: ao negar liberdade a Genu pela primeira vez, em 7 de fevereiro, e ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), uma semana depois.
Nestas duas ocasiões, contudo, os votos de Fachin seguidos
pelos outros ministros apontavam para uma questão formal. Conforme o
relator, os pedidos do ex-tesoureiro do PP e do peemedebista não
poderiam ser aceitos porque não haviam sido feitos na forma de habeas
corpus e não foram analisados por instâncias inferiores até chegarem à
Corte.
Não houve nestes dois casos, portanto, julgamento a respeito
do excesso de tempo a que réus já condenados estariam submetidos à
prisão preventiva em Curitiba por ordem de Moro, uma das principais
críticas de advogados e juristas à Lava Jato.
Quando os pedidos que chegaram ao STF obedeceram às questões
formais, ou seja, foram feitos por meio de habeas corpus e passaram
pelas outras instâncias da Jutiça, as “alongadas prisões que vêm de Curitiba”,
como diz o ministro Gilmar Mendes, foram derrubadas na Segunda
Turma. Fachin manteve sua caneta alinhada à de Moro nos casos de Bumlai,
Genu e José Dirceu – e foi derrotado em todos. Celso de Mello o
acompanhou nas decisões sobre Genu e Dirceu, já Ricardo Lewandowski
seguiu o relator em seu voto contrário à liberdade ao pecuarista amigo
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mendes e o ministro Dias Toffoli votaram pela liberdade aos
três presos preventivamente. Uniram-se a eles e formaram maioria Mello,
em relação a Bumlai, e Lewandowski, nos casos de Genu e Dirceu.
As teses “vencedoras” nos três julgamentos tinham como ponto
central críticas à antecipação da execução de penas a partir das
prisões preventivas. Conforme entendimento do STF, as sentenças penais
devem ser cumpridas após condenação em segunda instância. “Se não
concedermos essa ordem de habeas corpus, teremos de fazer o seguinte:
mudar o precedente do plenário. Estamos diante de execução provisória da
pena em primeiro grau, o que não é aceito por esta Corte”, resumiu Dias
Toffoli ao justificar o voto pela soltura de Genu.
No dia seguinte, Fachin foi sutil ao comentar as decisões
tomadas pelos colegas. “Saí daqui ontem com vontade de reler o Ibsen,
‘Um Inimigo do Povo’ e a história do doutor Stockmann”, ironizou, em
referência à obra em que as boas intenções do protagonista sucumbem à
maioria e à unanimidade.
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