Tucanos defendem abandonar Michel Temer e pedem a renúncia de Aécio Neves

No
dia 18 de maio de 2013, o senador Aécio Neves deu o primeiro passo em
sua caminhada rumo à candidatura presidencial do ano seguinte ao ser
eleito presidente do PSDB com 97,3% dos votos dos delegados na convenção
da sigla, que aconteceu em Brasília. Foi um evento consagrador. Entre
governadores, parlamentares, prefeitos e militantes, cerca de 4 mil
tucanos compareceram ao ato partidário.
Nos quatro anos seguintes, o tucano comandou o partido de forma
centralizadora com o respaldo dos principais caciques da legenda do
País. Mesmo após as primeiras citações ao nome de Aécio nas delações da
Lava Jato, sua liderança parecia inabalável. A delação da JBS, porém,
implodiu a estrutura de poder criada pelo senador mineiro e provocou uma
“revolução” nas bases dos partidos.
Antes leais a Aécio, esses quadros em ascensão na cena política nacional
querem aproveitar para acabar com a era do “caciquismo” tucano. Os
chamados “cabeças pretas” pregam agora teses que vão da refundação do
partido às eleições diretas para eleger o novo líder da legenda.
Esse grupo, que é formado pela “ala jovem” do PSDB na Câmara e prefeitos
eleitos no ano passado, também defende o desembarque imediato do
governo Michel Temer e a renúncia definitiva de Aécio do comando – o
senador foi afastado após as denúncias da JBS. Durante o processo de
impeachment de Dilma Rousseff, foram eles que assumiram a linha de
frente do partido pressionando os caciques para dar apoio à saída da
petista.
“Se o PSDB não mudar, será confundido com os demais partidos e vai se
afundar”, disse o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, que
disse ver espaço para disputa interna.
Aos 45 anos, o gaúcho é um dos principais representantes dos “cabeças
pretas”. Ele avaliou que o eleitorado está em busca de um novo perfil de
político. “Quem não mudar ou ficar em cima do muro vai cair dele. As
pessoas querem ter em quem confiar. Querem menos ideologia e mais
resultado”, afirmou.
Base. É a mesma posição do prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa,
de 38 anos, reeleito em primeiro turno no ano passado com 77% dos votos.
Ele defende a participação da base em qualquer tipo de escolha.
“Político com medo de disputar eleição não serve para estar na vida
pública. Defendo eleição interna direta. A base deve ser ouvida e os
filiados participarem”, disse.
Ainda mais novo, com 37 anos, deputado licenciado Bruno Covas,
vice-prefeito de São Paulo, disse que a renovação necessária ao PSDB já
está em andamento e sob o comando da ala jovem do partido. “Acredito
que, em função do atual momento, essa troca de bastão pode ser
acelerada. É o que o eleitor quer, políticos mais conectados com a
realidade e abertos ao contato constante pelas mídias sociais”, afirmou.
Segundo ele, a prorrogação do mandato de Aécio (sem uma convenção
nacional), no ano passado, foi equivocada. “Podemos rever essa decisão,
ao meu ver, e, passado esse turbilhão, temos de antecipar essa renovação
da direção partidária no segundo semestre.”
Para o deputado federal licenciado, Floriano Pesaro, de 49 anos, a nova
geração tucana está pronta para assumir o comando. “É hora de trocar, os
mais jovens têm de assumir o protagonismo”, disse o atual secretário
estadual de Desenvolvimento Social.
Aos 42 anos, o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando,
afirmou que “é o momento de o PSDB renovar a Executiva e aproveitar para
oxigenar o partido.” Sua avaliação é de que Aécio não tem mais
condições de continuar na presidência do partido, ainda que afastado,
devendo renunciar. Mesmo que isso ocorra, porém, a chance de
“diretas-já” dentro da legenda ainda está longe de ser viabilizada.
Mas, de acordo com o deputado federal Otávio Leite, presidente do
PSDB-RJ, não apenas o comando deve mudar, mas o estatuto, considerado
por ele do “século passado”.
PB Agora
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