TSE confirma cassação do governador do Amazonas e decide por novas eleições
A maioria dos ministros entendeu também que novas eleições diretas devem ser realizadas no Amazonas ainda neste semestre
| José Melo foi condenado por compra de votos na eleição de 2014 (Foto: Herick Pereira/Secom-Amazonas) | 
Por 5 votos a 2, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) 
confirmou hoje (4) a cassação do mandato do governador do Amazonas, José
 Melo (Pros). Ele foi condenado por compra de votos nas eleições de 
2014, quando foi reeleito no segundo turno com 55,5% dos votos. A 
decisão tem efeito imediato.
A maioria dos ministros entendeu também que novas eleições diretas 
devem ser realizadas no Amazonas ainda neste semestre. O 
vice-governador, Henrique de Oliveira (SD), também foi cassado.
O julgamento desta quinta-feira confirma a decisão tomada em março do
 ano passado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Amazonas.
Os votos pela cassação no TSE foram dos ministros Luís Roberto 
Barroso, Edson Fachin, Herman Benjamin, Admar Gonzaga e Rosa Weber. 
Votaram a favor da manutenção do governador no cargo os ministros 
Napoleão Nunes, relator do processo, e a ministra Luciana Lóssio.
Provas robustas
Investigações da Polícia Federal mostraram que Nair Blair, 
reconhecida por testemunhas como assessora do governador, desviou 
recursos de um contrato de sua empresa de segurança com o governo do 
Amazonas para comprar votos de evangélicos pela reeleição de Melo.
A distribuição de dinheiro a eleitores para a compra de cestas 
básicas, ajuda de custo para viagens, confecção de túmulo, entre outros 
auxílios, teria ocorrido em sala reservada no próprio comitê de campanha
 do candidato. Em diligência da PF poucos dias antes do segundo turno, 
Nair foi flagrada no local com R$ 7,6 mil em espécie e recibos de 
serviços pagos a supostos eleitores.
Evandro de Melo, irmão do governador e coordenador da campanha em 
2014, também teve participação, segundo as investigações. “Difícil 
imaginar que um irmão que coordena a campanha pudesse realizar algo 
desse teor sem que o candidato tivesse conhecimento”, disse o ministro 
Herman Benjamin, que votou pela cassação do mandato.
O relator, ministro Napoleão Nunes, e a ministra Luciana Lóssio, que 
foram os primeiros a votar e ficaram vencidos no julgamento, 
reconheceram ter ficado comprovada a compra de votos, mas consideraram 
não haver provas robustas de que o governador houvesse permitido ou 
sequer tivesse conhecimento do ato.
Defesa
A defesa do governador contestou as provas colhidas pela PF e afirmou
 que as testemunhas do caso não foram ouvidas em juízo, mas somente 
pelos policiais, o que comprometeria o julgamento. Os advogados 
afirmaram que vão recorrer da decisão por meio de embargos no TSE, tipo 
de apelação que pode modificar os termos da sentença, mas não altera o 
resultado.
O governador José Melo e o vice Henrique de Oliveira ainda podem 
recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), que tem o poder de conceder 
decisão liminar (provisória) para mantê-los no cargo até o julgamento do
 mérito da apelação.
Enquanto isso não ocorre, deve assumir o comando do governo 
amazonense o presidente da Assembleia Legislativa, David Almeida (PSD).
Agência Brasil
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