Em vídeo, dentista conta à polícia como matou namorado em Santa Catarina: ‘Eu estava apavorada’
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Ela foi denunciada por homicídio qualificado. Mulher diz que não planejou morte e que golpeou o namorado por legítima defesa
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Em
vídeo de depoimento à polícia, a dentista Jaqueline Amboni, de 33 anos,
conta como matou o namorado, Valcionir da Rosa, de 26, em Forquilhinha,
no Sul do estado. Ela afirma que tentava se defender dele, mas a
polícia acredita que ela tenha planejado o homicídio por medo das
ameaças que sofria dele. A RBS TV informou nesta segunda-feira (8) que o
Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) denunciou a mulher por
homicídio qualificado por motivo fútil.
Depoimento
O homicídio foi na noite de 7 de dezembro de 2015.
“Ele me bateu e pegou nos óculos, e aí machucou a mão dele. No que ele
foi olhar a mão, eu dei um chute no meio da perna dele, saí correndo,
fui na cozinha pegar uma faca e fui me trancar para dentro do quarto. Só
que é tudo muito perto, não deu tempo de chegar no quarto, ele já
estava atrás de mim”, relatou em depoimento à polícia.
“Ele
ligou a televisão e colocou num canal pornográfico. E ali eu fiquei num
canto, encolhida. Daí ele assim: ‘agora é a nossa vez!’, e pegou e veio
pra cima de mim”, continuou. A dentista disse que Valcionir batia nela
com frequência. Jaqueline já tinha prestado queixa à polícia e, naquela
noite, resolveu se defender.
“Aí
ele veio, daí eu dei umas facadas nele. Ele, mesmo esfaqueado, veio
para cima de mim. E aí eu dei mais algumas, não sei quantas, e aí ele
ficou caído ali entre a porta do banheiro e o meu quarto”.
A
polícia trabalha com outra hipótese, de que ela drogou o namorado e só
então cometeu o homicídio. “A motivação dela foi o medo, as ameaças que
ela sofria do Valcionir. Ela acabou se envolvendo numa situação que ela
não conseguia sair mais, ela achou uma forma, que na mentalidade dela
era mais fácil: ‘vou matar ele’. Ela já vinha premeditando o crime desde
o meio-dia. Ela já estava mandando mensagem dizendo que ia embora para o
Rio Grande do Sul e que não era para procurá-lo”, disse o delegado
Eduardo de Mendonça. Em entrevista à RBS TV, Jaqueline afirmou que não
premeditou o homicídio. “Foi na hora, para me defender”.
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Restos mortais foram localizados em Araranguá e enviados para análise - (Foto: Polícia Civil/Divulgação) |
Ocultação de cadáver
Depois
de matar o namorado, a dentista pegou o carro e foi até a casa de praia
dos pais, em Balneário Arroio do Silva, também Sul do estado. Ademir
Amboni, o pai de Jaqueline, afirmou em depoimento à polícia que a ajudou
com o corpo: “‘O que é que tu queres fazer, minha filha?’ Diz ela
assim: ‘ah, pai, eu queria tirar o corpo de lá, queria dar um sumiço’.
Pegamos as cobertas, enrolamos ele para cima das cobertas e puxamos. E
aí conseguimos colocar ele no carro”.
Pai
e filha seguiram até uma estrada deserta, fizeram uma cova e enterraram
o corpo. Para não despertar suspeitas, Jaqueline disse que passou a
enviar mensagens de texto para a família do namorado como se fosse ele.
“Eu estava apavorada, tinha medo que descobrissem”, disse à RBS TV.
A
polícia, que estava monitorando o celular, começou a desvendar o caso.
“Interceptamos o Imei do aparelho”, disse o delegado. O Imei é um número
único de identificação do equipamento. “No dia 17 de janeiro, o Imei
apitou, alguém tinha colocado um chip no aparelho. Fomos descobrir, era o
irmão da Jaqueline”, continuou o delegado.
Em
depoimento, a dentista disse que, depois das mensagens para a família
de Valcionir, abandonou o telefone na casa dos pais. O irmão, sem saber
de nada, achou e passou a usá-lo.
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Familiares de Valcionir fizeram protesto em Forquilhinha - (Foto: Janine Limas/RBS TV) |
Confissão
Em
outubro do ano passado, um crânio apareceu na estrada de Araranguá,
também Sul de Santa Catarina. O local era perto de onde o corpo foi
enterrado. O agente de polícia Gabriel Barcelos afirmou que o esqueleto
completo não estava na cova. “Faltava a parte do crânio, que foi
encontrada antes mesmo do fato [da cova], só que não tinha sido linkado
ao resto do corpo. Provavelmente algum bicho tinha pegado, como a cova é
rasa”.
A
polícia ainda não tinha ligado o achado ao sumiço de Valcionir. Até
que, vendo que não tinha mais como esconder as evidências e um ano e
quatro meses depois, Jaqueline confessou o crime. “Até para eu sair
dessa angústia, para eu voltar a viver. Porque já desde então, desde
antes eu já não tenho mais vida. É remédio para dormir, é remédio para
acordar, é remédio para comer”, contou a dentista.
A
mãe de Valcionir, Rosa Beretta, mostrou indignação. “Depois de um ano e
quatro meses ela ir confessar que foi ela? A minha revolta contra ela é
muito grande, eu quero justiça, eu quero ver essa mulher atrás das
grades, gente! Porque o meu filho eu não vou ver mais. Não precisava ela
ter feito o que ela fez”.
A
polícia indiciou Jaqueline por homicídio e ocultação de cadáver. O pai
dela vai responder por ocultação de cadáver. Os dois estão soltos.
A
investigação continua. “Ela cometeu o crime com a ajuda de outra pessoa
que não o pai dela no momento aqui na cidade. Era uma pessoa grande o
Valcionir. Ela sozinha não daria conta. Isso somente a Jaqueline vai
poder dizer, infelizmente”, disse o delegado. À RBS TV, ela negou que
outras pessoas estivessem com ela na hora do homicídio.
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Valcionir da Rosa estava desaparecido desde dezembro de 2015 - (Foto: Reprodução/RBS TV) |
Fonte: http://g1.globo.com
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