sexta-feira, 12 de maio de 2017

Delação da 'dupla dinâmica'

Punição a Santana-Mônica evidencia: na Operação Lava Jato, crime compensa

Bem, também a dupla dinâmica pode comemorar a generosidade da operação com quem delata. As penas aplicadas são ridículas


Leiam este trecho de reportagem da Folha:
O casal de marqueteiros do PT João Santana e Mônica Moura perderá um total estimado em R$ 80 milhões como parte do acordo de delação premiada fechado com o Ministério Público Federal. A conta é distribuída da seguinte forma: R$ 3 milhões em multa de João Santana, R$ 3 milhões em multa de Mônica Moura e mais a perda de todo o saldo bancário e eventuais investimentos feitos pela offshore controlada pelo casal, a Shell Bill Finance, no Banco Heritage, na Suíça. Segundo o Ministério Público, a conta detém cerca de US$ 21,6 milhões, ou cerca de R$ 68 milhões ao câmbio desta quinta-feira (11).
(…)
Pelo acordo, João Santana e Mônica foram condenados a um ano e seis meses em prisão domiciliar e mais um ano e seis meses em regime semiaberto. Na segunda fase, deverão “se recolher à residência nos sábados, domingos e feriados e, nos dias úteis, das 22 horas às 06 horas, ressalvados casos de emergência”. Em todo o período de cumprimento das penas, eles serão monitorados por tornozeleira eletrônica.
(…)
Santana e Mônica estão fora do regime fechado desde agosto de 2016, por decisão do juiz federal Sérgio Moro, depois que iniciaram as tratativas para um acordo de delação premiada. Haviam sido presos em fevereiro do mesmo ano.
Comento 
Não deixa de ter a sua graça. Um dos apelos mais populares da Lava Jato é a suposição de que esta é a primeira vez em que se combate a impunidade no país. O país, até aqui, seria o reino da bandalheira. Finalmente, chegou a tropa dos justos para lançar todas as tentações e pecados na fogueira das vaidades.
Bem, o que vai acima, mais uma vez, desmascara a farsa. Com a tonelada de crimes confessados pelo casal Santana-Mônica, haveria uma condenação de algumas dezenas de anos. A menos quê… E veio esse “a menos”. Os dois recebem uma pena levíssima no que respeita à prisão.
Venham cá: por que R$ 80 milhões? Quanto ainda sobra para o casal desfrutar no “dolce far niente”. Faça-se a mesma indagação a neopatriotas como Pedro Barusco ou Sérgio Machado… Obviamente, essas personagens não vão morrer à mingua, na pobreza, na miséria.
Notem: é evidente que um acordo de delação só faz sentido se reduzir a pena possível de quem o celebra. Cuida-se aqui de outra coisa: o contraste entre a punição mixuruca aplicada a delatores e a severidade dispensada aos outros. Moral da história: o crime realmente compensa.
É a isso que chamam “fim da impunidade” e “combate à corrupção”? Parece-me mais uma conversa para enganar tolos.
Encerro 
Chego a ficar impressionado que ninguém se escandalize, entre os lava-jatistas fanáticos, com o excesso de benefícios a delatores. É impressionante, mas explicável. Essa turma estava e está tão obcecada com o “Lula tem de ser preso” que não dá a menor pelota para a impunidade dos que Lula não são.
Veja

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